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True Detective - Night Country (4ª Temporada): Análise da temporada da série estrelada por Jodie Foster e Kali Reis

True Detective - Night Country é a quarta temporada da aclamada série, que já havia cativado com boas tramas e reflexões e um conjunto de atores de nível cinematográfico nas temporadas anteriores. Essa temporada o elenco é composto por Jodie Forster  como Liz Danvers e Kali Reis como Evangeline Navarro. O criador original da série é o Nic Pizzolatto e a responsável pela temporada é a Issa López. 


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Todos sabem que a série teve uma audiência muito boa, apesar das polêmicas, como o comentário do Nic dizendo que nunca tinha visto tantas falhas em uma escrita. Ele pegou um pouco pesado e talvez tenha prejudicado o ritmo de produção dos episódios finais.


Temos que falar que o criador original Nic Pizzolatto criticou a continuidade e elementos do sobrenatural adicionados e que não conseguiram entregar exatamente a ligação com as outras temporadas que tanto prometeu. 


Eu adorei a série na sua versão gelada, feminista, ao contrário do calor masculino, mas teve problemas sim. Uma coisa interessante é que apesar de afagar tanto o público LGBT e gay e principalmente feminino, as duas personagens não são lésbicas! Liz tem um ex marido e tem caso com homens mesmo e a sua parceira Navarro tem um relacionamento muito romântico com um veterinário que consegue lidar com seus problemas e onde eles "dividem a escova de dente de Bob Esponja" juntos. 


Mas também temos alguns furos, censuras e reescritas que abafaram a potencialidade da série. Para quem viu as primeiras três temporadas, cada uma é com um elenco completamente diferente e sobre casos totalmente diferentes. Segundo a desenvolvedora, foi inspirado no "Incidente do Passo Dyatlov" ocorrido na antiga União Soviética onde um grupo de 9 esquiadores morreram em uma nevasca, que teve uma investigação que alegou influência desconhecida nos relatórios finais do caso. 


Mas o que tinha-se em comum era a investigação do assassinato de jovens garotas sem solução (algo mantido também na quarta). O ápice da série foi a segunda temporada, onde Rachel Adams (de Mean Girls), e Kelly Reilly (a Beth de Yellowstone) terminaram felizes e refugiadas na Venezuela e cuidando de um neném, a primeira temporada com Rust Cohle (Matthew McConaughey) e Martin Hart (Woody Harrelson), já tínhamos aquela reflexão sobre a ética profissional frente a realidade dos casos pegos.


A teoria de resolução dos casos foi até boa e bem simbólica, em relação aos dois momentos da personagem de Liz, um de quando ela era nova e gostava dos Beatles, e depois quando sua família se desfez. Houve muitas cenas cortadas, já que as outras temporadas da série contaram com 8 episódios em média, e essa temporada teve apenas 6. O resultado é que ficou muito confuso, já que em um dos episódios, Leah conta como nada o passado da mãe para Navarro e depois teve essa do Holden que ficou sem muita explicação também, ou seja, houve muita reescrita. 


A personagem de Navarro é interpreta por um campeã de boxe da vida real de pesos pesados Kali Reis, o plot dela é muito mais elaborado e bem pensado que a do personagem de Jodie, que acabou ficando com suas linhas temporais não muito bem explicadas e a história com seu filho Holden que poderia ser ouro ficou em segundo plano, mas foi bom ver a evolução do relacionamento de Leah com Liz depois que ela se posicionou contra a narrativa da mina e dos cientistas. 


Episódio 1


Os 8 cientistas que trabalhavam na estação de pesquisa de Tsalal desaparecimento, ao mesmo tempo que uma mulher é achada morta sem sua língua, eles suspeitam que é a desaparecida por seis anos, Annie Kowtok, uma mulher que foi esfaqueada até a morte múltiplas vezes. Navarro é um membro da polícia nativa. Eles descobrem que existia um relacionamento entre Annie e um dos pesquisadores desaparecidos. Rose Aguineau que mora no extremo da cidade descobriu os corpos que estavam juntos embaralhados e congelados e pelados, com suas roupas cuidadosamente guardadas e dobradas ao lado de seus corpos. 


Episódio 2


Eles reparam nos ferimentos de mordidas e nos tímpanos estourados e notam também um símbolo em forma de espiral na cabeça de um dos cientistas. Ted Connolly supervisor de Liz, quer acelerar o caso e fechar as investigações, enquanto isso eles esperam para conseguir descongelar o corpo dos cientistas, enquanto isso, um dos cientistas quebra o braço e descobrimos que ele ainda estava vivo sob essas condições. Percebem depois que Raymond Clark não estava entre os corpos congelados. 


Episódio 3


O cientista que estava vivo morre sem conseguir dar informações adicionais e Hank Prior tenta achar Clark, ele é o pai de Peter Prior, que é um dos subordinados de Liz. Vemos o lado humano de Annie e eles conseguem as informações com uma senhora que havia feito o cabelo dela e pintado de azul e descobrem o relacionamento frágil que ela tinha com o ex. É explorado o lado da esquizofrenia da irmã de Julia por isso. 


Episódio 4


A irmã de Navarro, Julia aparece com crises de esquizofrenia, ela tenta colocar ela em uma instituição, ela foge e comete suicídio se jogando no oceano, deixando Navarro abalada e questionando enquanto isso detalhes não explicados de seu passado e origem.


Liz tem conflitos com sua filha adotiva Leah por ela estar lutando para preservar suas raízes indígenas, já que sua filha é fruto do antigo casamento dela com um professor local Jake Peterson  (Svend Hardenberg)Por agora ser uma mãe e policial, Liz não é tão legal quanto sua filha quer e elas brigam por Liz achar que seu discurso política estava ficando radical demais. Liz também tem uma história mal resolvida de um filho dela que faleceu, o Holden.


Episódio 5


Peter Prior e o relacionamento com seu pai é complicado, sua esposa Kayla e o filho não gostam de seu emprego de policial, ela quer que ele fique mais tempo com a família e por isso não gosta de Liz. Navarro resgata Leah que foi agredida por um policial em um protesto, em uma reunião Kate McKitterick (da mineradora Silver Sky) e Ted Connolly tenta convencer Liz a abandonar o caso e ameaçam sua filha que tinha já pixado a faixada da empresa. Otis Heiss vira algo de Hank, pai de Peter, ele mata o pai antes que o pai pudesse matar a Liz e tem que ficar para limpar, enquanto elas tentam achar o canto nas cavernas geladas. 


Episódio 6


Danvers e Navarro caem da caverna por acidente e acham um esconderijo onde Annie foi assassinada e se conecta aos túneis da estação de pesquisa que eles já tinham chegado antes. Lá eles encontram o cientista desaparecido, Clark que confessa que ela tinha descoberta a falsificação dos dados de poluição na estação secreta. Todos os cientistas são mostrados matando Annie e dizendo que não foram eles que cortaram a língua dela. 


As mulheres funcionárias indígenas tinha sido as assassinas dos cientistas em vingança em relação ao assassinato da amiga delas. Elas haviam desconfiado por limpar o chão e perceber o sangue mal escondido. Liz tem uma visão de Holden (seu filho perdido) e cai na água quase morrendo sendo resgatada por Navarro que antes havia "ouvido vozes" e saiu para ver o que tinha acontecido. Liz cai no gelo e é salva por Navarro que acreditava estar seguindo o espírito da irmã.





Uma inspiração citada pela desenvolvera da temporada foi a música de Billie Eilish "Bury a Friend". Inspirado também no 'Incidente do Passo Dyatlov', que foi um acontecimento que resultou na morte de nove esquiadores ao norte dos montes Urais, na antiga União Soviética, na noite de 2 de fevereiro de 1959. O incidente aconteceu na costa leste da montanha Kholat Syakhl (Холат Сяхл), cujo nome em mansi significa "Montanha dos Mortos". Desde então, o passo de montanha onde o incidente ocorreu é chamado de Passo Dyatlov (Перевал Дятлова), baseado no nome do líder do grupo, Igor Dyatlov.


A ausência de testemunhas e as investigações subsequentes acerca da morte dos esquiadores inspiraram intensas especulações. Investigadores da época determinaram que os esquiadores rasgaram suas barracas de dentro para fora, fugindo a pé sob forte nevasca. Apesar dos corpos não demonstrarem sinais de luta, duas vítimas apresentavam o crânio fraturado e duas tinham costelas partidas. As autoridades soviéticas determinaram que uma "força desconhecida" provocara as mortes; o acesso à região foi consequentemente bloqueado a esquiadores e aventureiros por três anos após o incidente. Devido à ausência de sobreviventes, a cronologia dos eventos ainda permanece incerta.


Jodie Foster estava fora da televisão desde 1975 apenas fazendo cinema, ela mesma descreveu que seu personagem era uma pessoa não muito boa no release da série. Mas sua atuação é muito boa e serve para a gente ver o que seria a ideia do arquétipo da Clarice, pensado não como uma agente federal em um filme, mas uma agente local em um lugar isolado, e com problemas de ética em si que a série busca abordar. 


O legal é que se a série já havia explorado muitas formas de dinâmicas de parceiros, foi a primeira vez que a estrutura do lugar foi ainda assim mais importante para a resolução do conflito. Por isso essa bandeira ambientalista na série e o debate sobre poluição surfou em uma onda. Aparentemente, por conta da audiência alta, a série pode continuar no mesmo universo na próxima temporada, é o apostam por conta do sucesso do formato, apesar das críticas. Vamos ver se a série vai conseguir explicar essas pontas soltas e corrigir um pouco o que não foi explicado em apenas 6 episódios.



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