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Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, 1964): A histeria nuclear no pós-guerra e a ética científica segundo Stanley Kubrick



Um general conservador acredita que os comunistas planejam dominar o mundo. Ele dá ordens para bombardear a Rússia, iniciando processo de guerra nuclear. Ao mesmo tempo, o presidente e seus assessores do Pentágono tentam desesperadamente parar o processo, convocando a excêntrica e obscura figura do cientista, conhecido como "Dr.Strangelove".



Dr. Strangelove ridiculariza o planejamento de uma guerra nuclear. Kubrick já havia abordado a questão da Guerra em seu primeiro longa: Fear and Desire (Medo e Desejo, 1953). Entretanto, além de denso, o filme era ambíguo, com cenas pesadas e obscuras, que obviamente buscavam demonizar a guerra, mas por um viés tenso. 

Em Dr. Fantástico, Kubrick zomba de inúmeras atitudes contemporâneas a Guerra Fria, como o "medo dos mísseis", mas dirige principalmente sua sátira à teoria da destruição mutuamente assegurada (MAD), na qual cada lado deveria ser dissuadido de uma guerra nuclear pela perspectiva de um cataclismo universal, independentemente de quem "ganhou". 


O estrategista militar e ex-físico Herman Kahn, no livro On Thermonuclear War (1960), usou o exemplo teórico de uma "máquina do Juízo Final" (doomsday machine) para ilustrar edições da MAD, que foi desenvolvido por John von Neumann.

O conceito de tal máquina é consistente com a doutrina MAD quando é logicamente levado até à sua conclusão. Assim, preocupava Kahn que os militares pudessem gostar da ideia de uma máquina do Juízo Final e construir uma. 

Kahn, um dos principais críticos do MAD e da doutrina da administração Eisenhower de retaliação massiva à menor provocação da URSS, considerou o MAD uma bravata tola e instou a América a planejar a proporcionalidade e, portanto, até mesmo uma energia nuclear limitada. guerra. 

Com esse raciocínio, Kahn tornou-se um dos arquitetos da resposta, a "doutrina flexível", que, embora superficialmente semelhante ao MAD, permitia a possibilidade de responder a um ataque nuclear limitado com um retorno de fogo proporcional ou calibrado .

Kahn educou Kubrick sobre o conceito da máquina do Juízo Final semi-realista "cobalto-tório G", e então Kubrick usou o conceito para o filme. Kahn, nos seus escritos e palestras, muitas vezes parecia frio e calculista, por exemplo, com a sua utilização do termo "megamortes" e na sua vontade de estimar quantas vidas humanas os Estados Unidos poderiam perder e ainda assim se reconstruir economicamente. 

A atitude imparcial de Kahn em relação a milhões de mortes reflete-se no filme na observação de Turgidson ao presidente sobre o resultado de uma guerra nuclear preventiva: "Sr. Presidente, não estou dizendo que não ficaríamos despenteados. Mas não digo mais do que dez a vinte milhões de mortos, no máximo, uh, dependendo dos intervalos." 

Turgidson tem um fichário intitulado "World Targets in Megadeaths", um termo cunhado em 1953 por Kahn e popularizado em seu livro de 1960, On Thermonuclear War.


A proposta de rede de abrigos radioativos mencionada no filme, com as suas características inerentemente elevadas de proteção contra radiações , tem semelhanças e contrastes com a da verdadeira rede suíça de defesa civil. A Suíça tem uma capacidade excessiva de abrigos contra precipitação nuclear para o tamanho da população do país e, por lei, novas casas ainda devem ser construídas com abrigos contra precipitação radioativa. 

Se os EUA fizessem isso, violariam o espírito do MAD e, de acordo com os adeptos do MAD, alegadamente desestabilizariam a situação porque os EUA poderiam lançar um primeiro ataque e a sua população sobreviveria em grande parte a um segundo ataque retaliatório.

Para refutar romances do início da década de 1960 e filmes de Hollywood como Fail-Safe e Dr. Strangelove, que levantaram questões sobre o controle dos EUA sobre armas nucleares, a Força Aérea produziu um documentário, "SAC Command Post", para demonstrar sua capacidade de resposta ao comando presidencial e seu controle rígido sobre armas nucleares. 

No entanto, pesquisas acadêmicas posteriores sobre documentos desclassificados mostraram que os comandantes militares dos EUA receberam pré-delegação autorizada pelo presidente para o uso de armas nucleares durante o início da Guerra Fria, mostrando que este aspecto do enredo do filme era plausível. Os personagens Buck Turgidson e Jack Ripper satirizam o general Curtis LeMay do Comando Aéreo Estratégico da vida real.

Já analisando propriamente o filme, além desse ser de longe o filme mais engraçado de Kubrick, que apesar do tom pesado do humor negro, não tem uma parte do filme que não possua uma ironia e um senso de humor atual até hoje.

Além disso, o filme parece ter sido feito com uma técnica que mirava o cinema independente, buscando através de gambiarras e improvisos do cenário representar a sala da ONU de uma maneira simples. Essa maneira teatral de construir os espaços do filme, reforça o humor parecendo tudo bonachão. 

Esse talvez seja um dos filmes de Kubrick com uma direção superior, mas que ainda assim sabe ser suave a um filme que caminha quase por si só. Assim como o botão dos misseis filmes uma vez que acionados não é possível voltar atrás, o filme uma vez que estabelece uma premissa fora da caixa mas com instituições de poder e relações diplomáticas tão conhecidas, que o filme uma vez começado, se segue pela premissa até quase o final de maneira automática. Há um certo humor de tabuleiro de xadrez, onde o movimento de cada peça é esperado e cercado de humor. 

A simultaneidade dos plots faz com que a história se desenvolva em capítulos, mas que ainda assim se cruza narrativamente como um todo, o que é genial da forma de dirigir e contar o filme. 

Já o personagem do Dr, é polêmico. Além dos já citados, ele é obviamente inspirado em Oppenheimer, uma vez que ele é um corroborador do uso da bomba e possui vários de seus maneirismos. Ao mesmo tempo, Kubrick o misturou com relatos dos cientistas nazistas e em cenas e debates onde vemos que o cientista obviamente possui ideias e opinião que fazem o cair no fascismo, justamente pelo fato de levar a ciência até as últimas consequências. Em outras palavras, Kubrick esta dizendo que aqueles que estão cultuando Oppenheimer por causa de seu mais recente filme, estão cultuando alguém com ideias próximas ao nazismo. 

Outra coisa a se analisar sobre o cientista: o nome que em tradução literal seria "doutor amor estranho", referindo-se a sua dedicação obscura ao conhecimento. O Brasil, como estava passando por golpe militar no ano do lançamento, botou o título chapa branca e positivo ao cientista, como "fantástico". Outro detalhe é o subtítulo, que seria algo "como eu aprendi a parar de me preocupar e amei a bomba". Que bomba? A jogada no Japão por Truman, fazendo os republicanos serem eleitos por mais de uma década a presidência dos EUA. Esse pedaço da ideia foi cortada no Brasil, uma decisão que considero errada, já que tirou a referência a questão da consciência dos cidadãos sobre os conflitos e guerras e suas consequências, focando mais no "aspecto mal do líder", logo do cientista e da ciência. Mas vale lembrar que apesar do golpismo do cientista, a bomba ainda poderia ter sido impedida se o soldado cowboy não estivesse pronto para dar sua vida pela "nação".

É claro que alguns aspectos do filme podem ser criticados, como levar a situação narrativa as últimas consequências para testas os limites das decisões e da ética científica, assim corroborando certo preconceito popular contra a ciência. Entretanto, a desconfiança das "ciências auxiliares" e sua relação com o complexo militar, na ideia de governar melhor as pessoas, é uma ideia além de original que se provaria uma verdade, por exemplo, no Brasil e a ditadura militar, que foi imposta através do mito de proteger a democracia, melhorar a economia e estabelecer o progresso tecnológico e científico. 


Por último, temos todas essas decisões e pensamentos científicos feitos na mesa de reunião, controlada e limitada para poucos, dependem da decisão de um cowboy retardado, que com o espirito americano do progresso e do sucesso apesar da adversidade, escolhe soltar a bomba de qualquer maneira. Essa cena é cercada de simbolismo e significado para a cultura americana, uma vez que faz parte da cultura protestante americana a ideia de superação da adversidade para que os "mais fortes" façam o progresso, principio parecido com o nazismo, uma vez que os dois países são protestantes. Essa ideia ascética dos "escolhidos", dos "ungidos" e dos "melhores", combina perfeitamente com o principio elitista dos milionários e dos militares, que os mais pobres devem sofrer sem reclamar, pois devem ser agradecidos pelas oportunidades que recebem. 


Isso vai diretamente contra a ideia de uma democracia, por exemplo, onde os cidadãos possuem deveres mas também direitos básicos, onde ser agradecido não tem nada haver com isso. Essa ideia da vida compreendida como uma "missão" é bem similar também com a doutrina de "ir para o Oeste" que matou milhares de indígenas americanos em nome da "civilização", mas ainda assim tão louvada em certos filmes de faroeste mais chulos. Aqui Kubrick provoca sobre a audiência, que vê as coisas mais trágicas em tela e interpreta tudo como uma "festa", onde a violência faz parte inerente do show. E assim, a corrida espacial e nuclear são similares a corrida para Oeste. Os "comunistas", são os índios da vez: o inimigo exterior que deve ser combatido e expulso a qualquer custa para se manter os valores de comunidade. Toda a ciência pode estar nas mãos de um ignorante, que só quer provar um ponto...

Toda essa complexidade faz com que, além de o filme ser engraçado em sua ironia, seja muito reflexivo. Assim, é um dos filmes mais clássicos e fundamentais da História do cinema. Todos os debates do filme ainda estão atuais mais de 40 anos depois, fazendo com que o senso de humor da época, mas também os medos, sejam os mesmos de hoje em dia (tanto que acabamos de ver um filme de Oppenheimer). A direção é incrível, a fotografia, com seu preto e branco intenso para simular a oficialidade governamental da linguagem do filme, é incrível; as atuações são incríveis. E principalmente: é um filme que chama para pensar e refletir sobre os rumos que a sociedade como um todos está tomando através da promessa de civilização. É realmente vantajoso criar empresas, novos empregos e tecnologias se isso tirar as terras de milhares de civilizações nativas ou destruir o meio ambiente? O que é o senso comum, muitas das vezes pode levar a destruição e ainda assim todos podem dizer que é o "caminho natural" a se seguir. Um filme essêncial! 



História e produção do filme


Stanley Kubrick começou com nada além de uma vaga ideia de fazer um thriller sobre um acidente nuclear que se baseou no medo generalizado da Guerra Fria pela sobrevivência. 

Enquanto fazia pesquisas, Kubrick gradualmente tomou consciência do sutil e paradoxal " equilíbrio de terror " entre as potências nucleares. A pedido de Kubrick, Alastair Buchan (chefe do Instituto de Estudos Estratégicos ) recomendou o romance de suspense Alerta Vermelho, de Peter George.

Kubrick ficou impressionado com o livro, que também foi elogiado pelo teórico dos jogos e futuro vencedor do Prêmio Nobel de EconomiaThomas Schelling em um artigo escrito para o Bulletin of the Atomic Scientists e reimpresso no The Observer, e imediatamente comprou os direitos do filme. Em 2006, Schelling escreveu que as conversas entre Kubrick, Schelling e George no final de 1960 sobre um tratamento do Alerta Vermelho atualizado com mísseis intercontinentais eventualmente levaram à realização do filme.

Em colaboração com George, Kubrick começou a escrever um roteiro baseado no livro. Enquanto escreviam o roteiro, eles se beneficiaram de algumas breves consultas com Schelling e, mais tarde, com Herman Kahn. Seguindo o tom do livro, Kubrick originalmente pretendia filmar a história como um drama sério. No entanto, ele começou a ver a comédia inerente à ideia de destruição mútua assegurada ao escrever o primeiro rascunho. Mais tarde ele disse:

"Minha ideia de fazer isso como uma comédia de pesadelo surgiu nas primeiras semanas de trabalho no roteiro. Descobri que, ao tentar colocar carne nos ossos e imaginar as cenas completamente, era preciso deixar de fora coisas que eram absurdas ou paradoxais, para evitar que fossem engraçadas; e essas coisas pareciam estar no cerne das cenas em questão."

Dr. Strangelove foi filmado no Shepperton Studios, perto de Londres , já que Sellers estava no meio de um divórcio na época e não podia deixar a Inglaterra. Os sets ocupavam três palcos sonoros principais: a Sala de Guerra do Pentágono, o bombardeiro B-52 Stratofortress e o último contendo o quarto do motel, o escritório do General Ripper e o corredor externo. Os edifícios do estúdio também foram usados ​​como exterior da base da Força Aérea. A cenografia do filme foi feita por Ken Adam , designer de produção de vários filmes de James Bond (na época ele já havia trabalhado em Dr. No). 

O preto e branco da fotografia foi de Gilbert Taylor, e o filme foi editado por Anthony Harvey e um Kubrick não creditado. A trilha sonora original do filme foi composta por Laurie Johnson e os efeitos especiais foram de Wally Veevers. O tema de abertura é uma versão instrumental de " Try a Little Tenderness ". O tema do refrão da cena do bombardeio é uma modificação de " When Johnny Comes Marching Home ". Sellers e Kubrick se deram bem durante a produção do filme e compartilharam o amor pela fotografia. 

Para a Sala de Guerra, Ken Adam primeiro projetou um cenário de dois níveis que Kubrick inicialmente gostou, apenas para decidir mais tarde que não era o que ele queria. Em seguida, Adam começou a trabalhar no design usado no filme, um conjunto expressionista que foi comparado com O Gabinete do Dr. Caligari e Metrópolis de Fritz Lang. Era uma enorme sala de concreto (130 pés (40 m) de comprimento e 100 pés (30 m) de largura, com teto de 35 pés (11 m) de altura) sugerindo um abrigo antiaéreo, com formato triangular (baseado na ideia de Kubrick de que esta forma particular seria a mais resistente contra uma explosão). 

Um lado da sala estava coberto com mapas estratégicos gigantescos refletidos em um piso preto brilhante inspirado em cenas de dança de Fred Astairefilmes. No meio da sala havia uma grande mesa circular iluminada por cima por um círculo de lâmpadas, sugerindo uma mesa de pôquer. Kubrick insistiu que a mesa seria coberta com baeta verde (embora isso não pudesse ser visto no filme em preto e branco) para reforçar a impressão dos atores de que estavam jogando “um jogo de pôquer pelo destino do mundo”. 

Kubrick pediu a Adam que construísse o teto do cenário em concreto para forçar o diretor de fotografia a usar apenas as luzes do círculo de lâmpadas. Além disso, cada lâmpada no círculo de luzes foi cuidadosamente colocada e testada até que Kubrick ficou satisfeito com o resultado. 

Na falta da cooperação do Pentágono na produção do filme, os cenógrafos reconstruíram a cabine da aeronave da melhor maneira possível, comparando a cabine de um B-29 Superfortress e uma única fotografia da cabine de um B-52 e relacionando isso à geometria da fuselagem do B-52. O B-52 era o que havia de mais moderno na década de 1960 e sua cabine estava fora do alcance da equipe de filmagem. Quando alguns membros da Força Aérea dos Estados Unidos foram convidados a ver a cabine reconstruída do B-52, eles disseram que "estava absolutamente correto, até mesmo na pequena caixa preta que era o CRM". Foi tão preciso que Kubrick ficou preocupado se a equipe de Adam havia realizado todas as suas pesquisas legalmente.

Em várias fotos do B-52 voando sobre o gelo polar a caminho da Rússia, a sombra do avião com câmera real, um Boeing B-17 Flying Fortress , é visível na calota polar abaixo. O B-52 era um modelo em escala composto pelas imagens do Ártico, que foi acelerado para criar uma sensação de velocidade do jato. Imagens de filmes caseiros incluídas em Inside the Making of Dr. Strangelove no lançamento do DVD da edição especial de 2001 do filme mostram clipes do B-17 com uma letra cursiva "Dr. Strangelove" pintada sobre a escotilha de entrada traseira no lado direito da fuselagem.

Em 1967, algumas das imagens voadoras do Dr. Strangelove foram reutilizadas no filme para televisão dos Beatles, Magical Mystery Tour. Conforme relatado pelo editor Roy Benson no documentário da BBC Radio Celluloid Beatles, a equipe de produção do Magical Mystery Tour não tinha filmagens para cobrir a sequência da música " Flying ". Benson teve acesso às imagens aéreas filmadas para as sequências do B-52 de Dr. Strangelove, que foram armazenadas no Shepperton Studios. O uso da filmagem levou Kubrick a ligar para Benson para reclamar.

Durante as filmagens de Dr. Strangelove, Stanley Kubrick soube que Fail Safe, um filme com tema semelhante, estava sendo produzido. Embora Fail Safe fosse um thriller ultrarrealista, Kubrick temia que a semelhança do enredo prejudicasse o potencial de bilheteria de seu filme, especialmente se fosse lançado primeiro. 

Na verdade, o romance Fail-Safe (no qual o filme se baseia) é tão semelhante ao Red Alert que Peter George o processou sob a acusação de plágio e fez um acordo fora do tribunal. O que mais preocupou Kubrick foi que Fail Safe ostentava o aclamado diretor Sidney Lumet e os atores dramáticos de primeira linha Henry Fonda como o presidente americano e Walter Matthau como o conselheiro do Pentágono, Professor Groeteschele. Kubrick decidiu lançar uma chave legal nas engrenagens de produção do Fail Safe. Lumet relembrou no documentário Inside the Making of Dr. Strangelove: "Começamos o elenco. Fonda já estava definida... o que, claro, significava um grande compromisso em termos de dinheiro. Eu estava definido, Walter [Bernstein, o roteirista] estava definido ... E de repente chegou esse processo, movido por Stanley Kubrick e Columbia Pictures.

Kubrick argumentou que o romance original de Fail Safe, Fail-Safe (1962), foi plagiado do Red Alert de Peter George , do qual Kubrick detinha os direitos criativos. Ele apontou semelhanças inconfundíveis nas intenções entre os personagens Groeteschele e Strangelove. O plano funcionou, e o processo foi resolvido fora dos tribunais, com o acordo de que a Columbia Pictures, que havia financiado e estava distribuindo Strangelove , também comprasse Fail Safe, que havia sido uma produção financiada de forma independente. Kubrick insistiu que o estúdio lançasse seu filme primeiro, e Fail Safe estreou oito meses depois de Dr., com aclamação da crítica, mas vendas de ingressos medíocres.


O final do filme mostra o Dr. Strangelove exclamando: " Mein Führer, posso andar!" antes de cortar para imagens de explosões nucleares, com Vera Lynn e seu público cantando "We'll Meet Again". Esta filmagem vem de testes nucleares, como o tiro "Baker" da Operação Crossroads no Atol de Bikini, o teste Trinity , um teste da Operação Sandstone e os testes da bomba de hidrogênio da Operação Redwing e Operação Ivy. Em algumas cenas, navios de guerra antigos (como o cruzador pesado alemão Prinz Eugen), que foram usados ​​como alvos, são claramente visíveis. Em outros, podem ser vistos os rastros de fumaça dos foguetes usados ​​para criar um cenário de calibração. O ex- escritor do Goon Show e amigo de Sellers, Spike Milligan, foi creditado por sugerir a música de Vera Lynn para o final.

Foi originalmente planejado que o filme terminasse com uma cena que retratava todos na Sala de Guerra envolvidos em uma briga de tortas . Os relatos variam quanto ao motivo pelo qual a briga da torta foi interrompida. Em uma entrevista de 1969, Kubrick disse: "Decidi que era uma farsa e não consistente com o tom satírico do resto do filme". O crítico Alexander Walker observou que "as tortas de creme voavam tão densamente que as pessoas perdiam a definição e não era possível dizer para quem estavam olhando". 

Nile Southern, filho do roteirista Terry Southern, sugeriu que a luta pretendia ser menos jovial: "Como eles estavam rindo, ficou inutilizável, porque em vez de ter aquele preto totalmente, o que teria sido incrível, tipo, essa nevasca, que em um sentido é metafórico para todos os mísseis que estão chegando, também, você apenas tem esses caras se divertindo. Então, como Kubrick disse mais tarde, 'foi um desastre de proporções homéricas."

Uma primeira exibição-teste do filme foi marcada para 22 de novembro de 1963, dia do assassinato de John F. Kennedy . O filme estava a poucas semanas de sua estreia programada, mas por causa do assassinato, o lançamento foi adiado até o final de janeiro de 1964, pois se sentiu que o público não estava com disposição para tal filme antes. 

Durante a pós-produção, uma frase de Slim Pickens, "um cara poderia ter um bom fim de semana em Dallas com todas essas coisas", foi dublada para mudar "Dallas" para "Vegas", já que Dallas foi onde Kennedy foi morto. A referência original a Dallas sobrevive no áudio em inglês da versão do filme com legenda em francês.

O assassinato também serve como outro possível motivo para o corte da cena da luta de tortas. Na cena, depois que Muffley leva uma torta na cara, o General Turgidson exclama: "Senhores! Nosso galante jovem presidente foi abatido em seu auge!" O editor Anthony Harvey afirmou que a cena "teria permanecido, exceto que a Columbia Pictures ficou horrorizada e pensou que ofenderia a família do presidente". Kubrick e outros disseram que a cena já havia sido cortada antes da noite de pré-estréia porque era inconsistente com o resto do filme. 


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