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Oscar Micheaux, O Super-Herói do Cinema Negro (2022): Conheça o cinema do pioneiro cineasta que foi apagado pela Hollywood



Documentário de Francesco Zippel sobre o cineasta Oscar Micheaux, que foi um dos grandes primeiros cineastas americanos, mas foi apagado. Criador de um mercado de filmes que foi visto praticamente por quase toda audiência negra americana do início do século passado, seus filmes se tornaram documentos históricos apagados da sociedade americana, onde 80% da obra de Micheaux foi perdida e não se pode consultar. O documentário atual é um esforço recente de restauração de seus filmes e trabalho, reconstruindo o passado histórico dos primórdios do cinema. O início da vida e a formação do primeiro cineasta negro americano e de como ele produziu o primeiro ciclo de atores negros em sua empresa, são o foco do filme. Contando com Chuck D, Amma Asante, Morgan Freeman  e John Singleton.


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Apesar disso, a força atemporal e crítica de seu trabalho causou um amplo impacto na sociedade segregada americana e demonstrou um outro lado da história americana. O documentário também conta com a presença do ator americano Morgan Freeman.  


Crítica do documentário e dos filmes de Micheaux



Oscar Micheaux foi um homem a frente de seu tempo com certeza e nem mesmo a audiência negra o salvou do blacklist. Nascido em uma fazenda em Metropolis, em Illinois, em dia 02 de janeiro de 1884. Ele foi o quinto filho de Calvin S. e Belle Michaux, que tiveram 13 filhos. Seu pai foi escravizado em Kentucky. Por conta do sobrenome francês, é possível que o sobrenome da família francesa huguenote, que se refugiaram na América por volta de 1700, possivelmente dos donos tenha passado para Oscar, como aconteceu também no Brasil. 


Oscar produziu a famosa resposta ao aclamado filme racista "The Birth of a Nation (1915)" que ressuscitou no século XX a KKK (Ku Klux Klan), seu filme "Within out Gates (1920)" mostrava exatamente o contrário do que mostrado no filme, mostrando linchamento de pessoas negras (como ocorria realmente). Ou seja, a peça de fantasia sinistra que é The Birth of a Nation é exatamente a descrição da narrativa do "fardo do homem branco". No "Within Our Gates", vemos isso de maneira muito corajosa, a demonstração da situação real do linchamento da população negra.






O filme é até hoje elogiado em parte, até mesmo no documentário, por um professor de estúdios de mídias da Universidade de Columbia. Enquanto Oscar fazia filmes contestadores e que brincavam também com o formato do cinema, ele sabia muito bem fazer isso com o formato do equipamento de cinema mudo, quando começou o cinema falado, Oscar perdeu muito de sua atualidade e não conseguiu se adaptar. Mas ele sabia fazer um formato de filme ousado mesmo sem.


Seus filmes de maior impacto além de Within Our Gates, e Murder in Harlem(1935), refazendo um filme antigo seu parecido chamado "The Gunsaulus Mystery". O documentário sobre Micheaux foi exibido na sessão de Cannes clássica em 2021, um verdadeiro ressurgimento para um diretor que foi praticamente esquecido por todos. Algumas curiosidades são incríveis sobre esse filme. 


Imagem do filme "Murder in Harlem" (1935), da descoberta do corpo da menina Mary Phagan, onde o acusado pelo crime foi um homem judeu, engenheiro, e que foi considerado inocente em 1986 por uma testemunha que acusou o zelador e não o gerente da fábrica. 


Oscar Micheaux é o primeiro filme feito por uma pessoa/homem negro em Hollywood, e que foi produzido também por ele mostra uma visão totalmente moderna e miscigenada em uma América cínica e exploradora. Outra curiosidade é que esse filme apenas sobreviveu do esquecimento total por conta de uma cópia perdida na Espanha, que foi adicionada a biblioteca do congresso americano no ano de 1992, onde as legendas foram traduzidas de volta ao inglês e o filme também foi restaurado. No filme, é lembrado o fim da era de Franklin Delano Roosevelt.


Nos filmes de Oscar que os primeiros atores e atrizes negras tiveram lugar de destaque, como Evelyn Preer (conhecida como "a primeira dama em tela" e Clarence Brooks, outro importante ator que surgiu nas produções de Micheaux.


O filme "Murder in Harlem" foi baseado no julgamento de Leo Frank (uma história real discriminação através do uso de matérias sensacionalistas de jornal), ele usou o gênero de detetive para falar de temáticas políticas como abordar a questão do racismo e da integração dos homens e mulheres negros na sociedade de classes americana, um tema tabu tanto para a população branca e de difícil assimilação por parte da comunidade negra segregada, e que apenas obteve direitos através de sua extrema união e auto suficiência. Havia rumores de serem os filhos das personalidades mais importantes da época. 


Alguns jornais contestavam a versão de Frank e outros endossavam, e começou a publicar fotos montadas que sugeriam sua culpa. Também sumiram as evidências do caso, e os jornais também ofereceram recompensas, e o resultado foi que a polícia acabou recebendo inúmeras denúncias falsas por conta da atitude "fiscalizadora" do jornal. Na vida real, a história é bem macabra, acusado do crime, Leo que era judeu foi sequestrado da prisão, linchado e morto por linchadores que se auto declaravam "Cavaleiros de Mary Phagan", o nome da menina morta. 


Enquanto mídia, o que "The Birth of a Nation (1915)" suscita é o pânico moral típico do racismo insipido e estúpido, típico das terras sulistas americanas, cujo modelo econômico do Plantation reproduziu por lá o mesmo sistema escravocrata econômica que estava em vigor por aqui, a grande lavoura com mão de obra escravizada. 


O plot super interessante de "Murder in Harlem"(1935) é de um homem que que foi condenado após ter sido incriminado injustamente pelo assassinato de uma mulher branca, uma trabalhadora da fábrica adolescente chamada Mary Phagan. A história é tão clássica e complexa que até virou uma série dos anos 1980 da BBC intitulada "O assassinato de Mary Phagan", que tem até aquela atriz a Cynthia Nixon de Sex and the City. 


Henry Glory (Clarence Brooks), é  um advogado que é contratado pela irmã do homem acusado para defendê-lo, ao decorrer do filme é provado ser um homem branco o assassino real da menina. 

 


A vida do cineasta experimentou formas de integração social incomuns para as pessoas que não eram brancas. Ele teve o melhor emprego para não brancos, porteiro de trem, onde o uniforme era comprado por fora, e tinha que estar sempre limpo. Nessas viagens de trem, ele conheceu e se familiarizou com diversas pessoas e agregou muito conhecimento. Uma vez, acusado de pegar 5 dólares foi demitido de uma das linhas, e depois ele fez o curso profissionalizante de novo e voltou a trabalhar no mesmo emprego. 


Não sei se é verdade do documentário, mas diz a lenda que a cidade onde ele morava era tão segregada, que Oscar foi durante anos seu único habitante negro. Mais velho, o cineasta escreveu sobre a opressão social lembrando de sua vida enquanto menino. Sua educação foi aprimorada, e ele frequentou uma boa escola por diversos anos, até que a família ficou se dinheiro e tiveram que retornar para a fazenda. Com o tempo, sua vontade de fazer filmes tornou desgastado o relacionamento   


Oscar Micheaux in 1919. Em suas obras, o tema da ascensão social era muito presente, e ele insistia em cartas em enviar mensagens para homens que poderiam estar em situação similar. Quando fez seu filme "The Homesteader" que refletia toda essa sua experiência de desbravamento do oeste. 


Para não ter suas ideias roubadas, Micheaux fundou sua empresa, a Micheaux Film & Book Company de Sioux City, também produziu mais de 40 filmes, que tiveram audiência dentro e fora dos Estado Unidos. Ele vendeu também ações de sua empresa, custando em torno de $75 a $100 dólares da época, o que era dinheiro considerável. Mas na época da crise de 1929 e da transição do cinema mudo para o falado fez com que Oscar voltasse apenas a escrever.


A história do filme The Homesteader, é de um homem chamado Jean Baptiste que se apaixona por diversas mulheres brancas, mas não quer se casar com nenhuma delas para não "trair sua raça", uma forma poética de criticar as leis de segregação formal que impediam os casamentos inter-raciais, e também era a mesma regra ditada em Hollywood com o Hay Code (regras de produção oficial da academia americana). 


No fim desse "The Homesteader (1919)", ele se casa com uma mulher negra, e por fim, o casamento não dá certo. Aí Jean é proibido de ver sua própria esposa, e ela mata o pai por manter os dois separados, e se mata. Ele é acusado pelo crime. Depois de inocentado, um antigo amor ajuda ele a sair de seus problemas. Depois ele descobre que ela mesma era uma mulher mestiça, e aí eles se casam. Um filme que aborda em detalhes complexas relações raciais.  Apesar disso, o filme é considerado perdido. 


Em "Within Our Gates", vemos também o relacionamento de uma jovem mestiça (filha de uma moça negra e de um pai branco que a abandonou), e ela se apaixona pelo médico doutor Vivian, um homem branco que no fim do filme a convence de todas as contribuições dos homens negros para a história americana. 



Já "Within Our Gates (1920)" abordava a ideia de estabilidade social e ascensão vindas do pós Primeira Guerra, onde pela primeira vez houve soldados negros no regimento americano. Além do tema do racismo, também o tema da ascensão feminina e relacionamentos inter-raciais fizeram do filme alvo de boicote e censura. Além da cena de linchamento ser completamente verossímil para a época, irritou muito a audiência da época.


Acompanhamos nesse clássico dos anos 1920, a personagem Sylvia Landry, que é uma professora, também mestiça, interpretada pela atriz Evelyn Preer. Quando o pai de Sylvia confronta um senhor de terras branco sobre dinheiro emprestado, uma briga termina com outro homem branco matando ocara, mas o pai adotivo de Sylvia que é considerado culpado pela situação e é linchado junto com a mãe adotiva de Sylvia. 


Sylvia quase sofre violência pelas mãos do irmão do senhor de terras, mas descobre, na verdade, que ele é seu verdadeiro pai biológico. Descrevendo como real e incestuosa a situação de convivência e exploração, onde a violência dos homens brancos são perpetradas apesar de suas relações óbvias também com as mulheres negras. Um lado do debate de raça nunca visto nos grandes "The Birth of Nation" nunca mostrou que a realidade era a violência da sociedade dos brancos contra a população negra, que ainda tinha que amargar ver os brancos perpetrarem sua ideia de separação através de peças como esse filme. 


Sylvia também viajou para Boston para angariar fundos para a escola que queria fazer para ensinar crianças negras. No caminho, ela sofre um acidente, e conhece uma senhora branca que dá $50,000 para o projeto de Sylvia. A era as leis Jim Crow permitiam essa forma de violência, de obrigação de viver separados. Até mesmo a ideia de "separados, porém iguais" era uma ideia de extrema violência, já que o "melhor" da sociedade sempre ia para os brancos. Micheaux morreu de ataque cardíaco em 1951, em seu túmulo está escrito "um homem a frente de seu tempo". 



O filme começa com Sylvia Landry (Evelyn Preer), uma jovem afro americana, visitando sua prima Alma no Norte. Sylvia fica esperando a volta de Conrad enquanto eles planejam seu casamento. Alma também está apaixonada por Conrad. Larry, irmão de Alma, tenta machucar Sylvia mas não consegue. Larry mata um jogador profissional e tenta roubar no poker. Alma arranja uma situação para que Sylvia seja pega em uma situação comprometedora quando Conrad voltasse. Conrad começa a estrangular Sylvia, porém é parado por Alma. Depois disso, o personae foge para o Brasil. E Sylvia volta para o sul. 


Depois disso, Sylvia conhece e se apaixona por Dr. Vivian, e conta para ele a história de como descobriu que era filha de um homem branco. Ele encoraja a namorada a ter orgulho do passado afro americano e professa seu amor por ela, o filme termina com esse casamento. 


Micheaux se mudou para Greory County, em South Dakota, onde trabalhou como posseiro e isso inspirou os seus primeiros filmes e trabalhos. Seus vizinhos de posse eram em sua maioria homens brancos endinheirados. Publicando alguns de seus artigos no jornal, acabou por ter que vender sua propriedade em 1911. Ele escreveu também 7 livros. O primeiro deles "The Conquest" em 1913, vendeu 1,000 cópias.

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