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Era Uma Vez Um Gênio (2022): Novo filme de diretor de Mad Max com Idris Elba encanta com viagem na História e choque cultural entre oriente e ocidente

 


Era uma vez um gênio é um filme de fantasia romântico e drama da MGM, dirigido e produzido por George Miller. O por Miller e por Augusta Gore, e é baseado em uma curta estória "The Djin in the Nightingale's Eye". Edris Elba é um gênio da garrafa libertado de aprisionamento, toda sua existência depende dos desejos de quem abrir a garrafa para pedir 3 desejos.  A estória do filme é baseada em um conto de A.A. Byatt chamado "The Djinn in the Nightingale's Eye", inspirado também nos contos tradicionais persas do "Mil e Uma Noites" . 


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Alithea Binnie (Tilda Swinton) é uma professora de literatura que compra uma garrafa muito antiga em Istambul, na Turquia. Ao abrir a garrafa e se deparar com o gênio, ele pede para que ela realize três desejos, ela tenta argumentar sobre o carácter do erro em si estar contigo na estrutura da necessidade de desejo, acusando o gênio de ser um enganador. Para ela saber melhor quem ele era, ele começou a contar três estórias de sua vida para explicar como ele ficou preso na garrafa. 



O gênio conta sobre a primeira vez que foi preso na garrafa, quando serviu a rainha africana de Sheba (que depois viraria esposa de Salomão, filho de Davi, o rei dos judeus). O gênio conta como foi preterido quando se apaixonou pela primeira vez, mas que Sheba não tinha olhos para ele. "A rainha de Sheba era a beleza em si", disse ele sobre ela, mas Sheba não o queria e foi a primeira a fazer dele prisioneiro através de seu marido Salomão, que tocava para ela e assim a conquistou. 




A segunda história do gênio é em torno de Gülten, uma jovem concubina do palácio de Suleiman, o magnífico. Depois de achar a garrafa do gênio, Gülten deseja ter um filho com o filho de Suleiman, Mustafa, deseja que ele se apaixone por ela e que tenha um filho juntos. Hürrem Sultan. 



Uma das concubinas de Suleiman arruma um esquema de ter um filho de Suleiman antes mesmo disso, o que faz Mustafa preparar um golpe para a sucessão do trono. O  gênio disse que tentou avisar Gülten, que continua por sua vez a ser ingênua e não perceber nada. Gülten não sabia sobre os problemas da classe dominante, e ignorou o gênio, deixando a garrafa para trás e fugindo, depois ela é morta antes de poder fazer um desejo final. 


O gênio pairou pelo palácio por quase 100 anos, invisível dentro de sua garrafa. Enquanto isso, a garrafa foi achada por dois príncipes jovens, Murad IV e Ibrahim. Anos depois, Murad IV entra em guerra e se torna um líder cruel e tirano, morrendo anos depois de alcoolismo. 



Ibrahim desenvolve um fetiche por mulheres voluptuosas, cria um hárem e vira um novo sultão. A sua concubina favorita Sugar Lump se livra da garrafa e ela se perde no mar junto com o gênio.   



Na estória final do gênio, ele conta sobre Zefir, uma jovem esposa turca de um comerciante local, que foi dada de presente a garrafa no meio do século XIX. A última estória do gênio, Zefir era uma jovem que buscava o conhecimento acima de tudo, então ele concede a ela o conhecimento em literatura e em matemática, havendo "criado" a disciplina segundo o gênio. 


Talvez aqui temos uma referência a mulheres que contribuíram com a história da matemática, como a grega Hipátia, ou a matemática e escritora Ada Lovelace, filha do Lord Byron que criou novos códigos matemáticos. 



Mesmo gostando de Zefir, ela engravida dele, mas parece estar mais interessada na ciência, logo enjoando do relacionamento. Zefir então deseja um dia nunca ter conhecido o gênio, deixando ele aprisionado por mais uma era. 




No fim, na estória com Alithea, eles decidem viajar para Londres juntos. No aeroporto, Alithea passa por constrangimentos por "embarcar junto com a garrafa", mostrando a impossibilidade dos dois viverem o romance, mostrando esse lado metafórico do filme. 



Em um dos dias, Alithea percebe que o gênio está se tornando cada vez mais fraco e cansado devido a influência da torre de telefone da cidade, ela usa seu segundo desejo para desejar que o gênio voltasse a falar. Alithea usa seu último desejo para deixar o gênio ir para o "O Reino do Gênio". Depois disso, de três em três anos, os dois se encontram e o gênio não parece estar cansado mais. 



Crítica do filme


A estória de Aladdin é muito antiga e foi traduzida ao ocidente por volta do século XI pela primeira vez, e depois pelos franceses por volta de 1700. Diversas versões existiram até hoje, principalmente nas traduções das lendas e contos orientais para o ocidente. 



O nome do livro árabe é o The "As Noites da Arábia", ou mais conhecido como "Mil e Uma Noites", onde vemos a estória de Aladdin e a lâmpada mágica, como também a história do mercador e do gênio da garrafa que ela conta para o Rei Persa da dinastia Sassânida.


 Algumas versões diferentes precisam o mito com já a entrada da parte dos "três desejos", no conto original, por exemplo, existia dois gênios convocados por acidente. Já em outro conto do Arabian Nights, temos a "A estória de pescador", onde também temos um gênio aparecendo depois de ser liberto da garrafa.  



Xerazade era a contadora de estórias que resistiu a política do rei traído de matar a mulher depois da primeira noite de núpcias, explicando a metáfora matrimonial em torno do conto clássico persa. Ela sobrevive contando a extraordinária história do "História do mercador e do gênio", ao amanhecer, ela interrompe e diz que continua contando depois. No fim do conto, ela já tinha tido 3 filhos com o rei, e ela depois pede para ele a poupar a vida e ele por fim deixa sua vingança de lado para ficar com Xerazade.


O elemento do romance histórico e o paralelo com as lendas orientais são uma boa prótese para alguns elementos extras da narrativa. Como por exemplo, falar sobre casais inter-raciais, elemento visto também na forma racista como as vizinhas e a própria sociedade se comporta "em relação ao gênio", demonstrando que o relacionamento e que a própria narrativa teriam dificuldades óbvias fruto dessa falta de aceitação das pessoas diferentes através da História. 



Podemos pensar na ideia proposta por Edward Said em seu livro sobre o orientalismo. Examinando a forma de interpretação dos elementos culturais gostados pelo ocidente traduzem valores do que eles invejam e do que eles admiram sobre o oriente, em uma tentativa de agregar valores e experiências externas ao que é comum para a sociedade ocidental. 


Usando literatura e semiótica estruturalista para ver os elementos políticos dessas trocas culturais. Na forma literária do ocidente, existe uma interpretação sobre o outro como "estranho", um "alienígena", um estrangeiro, uma imagem de sociedade para inferiorizar o oriente criadas desde a Idade Média. Said cita o exemplo de "The Persians" de Aeschylus, como uma literatura de "invenção" sobre o oriente. 


É exatamente como é proposto no filme. Por exemplo, na cena que Alithea compra a garrafa, como está "suja de sangue" (do artesanato), ela estaria suja, logo não bom, pois o bom para o ocidente é algo perfeito e novo (mas logo esse "novo" é chato e sem história real por trás). Nessa cena, onde Alithea diz que prefere a garrafa velha (ou seja, prefere comprar em antiquários), mesmo com seu amigo preferindo que ela levasse outra. Aqui a semiótica é perfeita, pois é na garrafa defeituosa que vem o "gênio", ou seja, o elemento externa God ex machina é a aparição do gênio de milhares de anos. O que significa isso? O termo God ex machina vem do teatro grego, e era como se fosse as máquinas do backstage que faziam os efeitos dos deuses gregos nas peças de teatro. 



Um autor francês chamado Charles Perrault tinha escrito um conto parecido pouco anos antes da tradução oficial sair na Europa, de um cortador de lenha que reclama de quão pobre ele é, em seguida, aparece um espírito que concede três desejos. 


O cortador de lenha teria gasto seus três desejos com coisas supérfluas e inúteis, voltando a ser pobre logo em seguida. Esses contos passavam várias mensagens, nesse vemos essa ideia de "cuidado com o 'e se', e com o que se deseja em geral. 


O filme foi anunciado em 2018 descrito como um "épico no escopo", e planejava começar as filmagens em torno de 2019. Os atores Idris Elba e Tilda Swinton foram anunciados no mesmo mês, e é baseado em um conto de A.A. Byatt chamado "O Gênio no olhar de Nightingale". 


A produção foi adiada por conta da pandemia de COVID-19 e acabou começando apenas em novembro de 2020 na Austrália. Os atores do filme são muito conhecidos, tanto Idris Elba (que estava cotado para ser o novo James Bond), quanto Tilda Swinton são muito conhecidos por público. A atriz que interpreta Alithea (a escritora), é conhecida por ter formação em ciências sociais e políticas, e por ter se filiado ao Partido Comunista do Reino Unido nos anos de 1980. 




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