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Paul Veyne: O legado do historiador, escritor e tradutor para as ciências sociais e para a sociedade atual



Historiador francês, especialista em antiguidade, faleceu hoje, aos 92 anos. Paul Marie Veyne nasceu em 1930, era especialista em Roma antiga, publicou livros que estimulavam uma metodologia histórica diferenciada, de ver o ser da história, uma verdadeira "história viva" e conceitual ao mesmo tempo, se afastando da mera observação de objetos invariáveis e a transformando em uma forma de narrar o acontecimento da aventura da trajetória do homem na história. Foi o autor de livros como: "Acreditavam os gregos em seus mitos?" de 1983, "Pão e Circo: Sociologia Histórica de um Pluralismo Político" "Como se escreve a história: Como Foucault revolucionou a história", "O Império Greco-romano". Veyne foi também professor na Escola Francesa de Roma e Universidade Sorbonne. Em 1975, se tornou titular de história romana no Colégio da França.



Para Paul Veyne, a ambição maior do historiador era contar a história como uma narração, da aventura vivida pelos homens, só que esse exercício depende em parte da utilização de diversas fontes diferentes para as Ciências Sociais, inclusive as fontes desejáveis, mas não exatamente disponíveis. Em relação ao economista ou sociólogo, o historiador não abster ou ser menos considerado para fazer o debate em condição de igualdade. 


A pergunta de Veyne para a história é a seguinte, se os historiadores são tentados a ter uma "vocação empírica" para o fazer historiográfico, o historiador poderia utilizar da sociologia e da economia para obter uma perspectiva mais exata á cerca das fontes. Não é errado dizer que antes das reflexões de Veyne ou Foucault, a história era feita observação de objetos invariáveis, que jamais mudarão. 


A ideia de Veyne seria selecionar alguns temas mais relevantes com ajuda de algumas especialidades e outras ciências, sem ser exatamente sobre interdisciplinaridade, Veyne queria que a experiência humana fosse narrada como uma grande aventura.  


 Veyne descreve a mudança de uma história centrada em objetos se torna uma investigação composta por várias áreas em torno de práticas emergentes ao longo da história e que isso foi a grande novidade de Foucault, inspirada também no método de pesquisa da filosofia. 

 Análises como a dele ajudaram a reverter o ângulo dos objetos para a observação do sujeito em seus processos históricos naturais, a ideia da "meta-história" que Veyne esmiuçou em diversos textos que fez na vida, em "Como se escreve a história de 1971", "A história conceitual, de 1974", que abordava uma perspectiva de algumas ferramentas conceituais próprias do método, como arqueologia, genealogia e cartografia, só que ligada a uma forma de análise usando fontes de pesquisa documental. Por fim, temos "O inventário das diferenças", que é inspirado na sua aula de 1976.  


 Veyne abordou a história com  "o inventário das diferenças: História e Sociologia", que foi uma aula inaugural de 1976, com temáticas entre história e a sociologia.  No livro ele aborda algumas palavras-chave, algumas constantes como imperialismo ou isolacionismo, a cobertura ideológica, o imperialismo mostram como ler e compreender a cultura original do ocidente burocrático e empresarial: a cultura romana. 


Na sua forma de pesquisa historiográfica, Veyne aponta a dificuldade de compreensão sobre o "mito do período" nasce da impossibilidade do total conhecimento das fontes originais e suas traduções, já que cada sociedade e civilização tem sua cultura e sua língua locais. 


O indivíduo que analisa a história de qualquer civilização faz do ponto de vista de acordo com seu próprio arcabouço cultural individual.  A mesma coisa envolve a sua descrição sobre o historiador alemão Christian Meier, que apontava como um desses historiadores de históricas únicas, centralizadas e nacionalistas.


Escreveu sobre filosofia antiga, abordando o surgimento da escola prática  em seu livro "Sêneca e seu estoicismo", de 2015. O livro aborda a visão do filósofo Sêneca, um filósofo da terceira geração do estoicismo Imperial Romano, que escreveu "Diálogos, Cartas e Tragédias", ou o livro clássico "A Constância do Sábio", essa e outras obras que influenciaram a origem e a formação do pensamento estoico em temas de natureza da ética. 


Se Annales em 1930 havia descolado a preocupação para o viés do político e do social, o foco ainda era em um ser padrão, centrado em objetos e relações e causa e evento específicas. A revolução de Foucault, como escreveu Veyne atingiu completamente a forma de se escrever história, consistiu em um novo olhar e uma nova forma de pesquisar. Escreveu em 2011, "Foucault: seu pensamento, sua pessoa", "Sexo e poder em Roma", de 2008. Escreveu o livro muito lido "História da Vida Privada", vol 1, com Ariés e Duby como organizadores. Sendo esse último livro.


Algumas traduções no Brasil dele foram "Acreditavam os gregos em seus mitos?" de 1983, "Como o nosso mundo virou Cristão? (2008) "Pão e Circo: Sociologia Histórica de um Pluralismo Político", de 2015. 


Um ótimo autor para se conhecer e para indicar para quem quer despertar a vontade da leitura em História e Sociologia. 


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