Pular para o conteúdo principal

Let the Bad Times Roll (2021): Mundo atual não é a utopia que todos esperavam

let-the-bad-times-roll-2021-offspring

Nesse fatídico ano de 2021, a consagrada banda do pop punk Offspring nos agraciou com uma surpresa: o novo álbum "Let the Bad Times Roll". É o primeiro disco lançado pela banda desde Days Go By (2012). Aqui vamos analisar e dar as primeiras perspectivas do disco


De cara, preciso destacar a capa com a catrina de sombreiro e vários braços é genial para o título do disco. É sabido que um dos símbolos, mesmo que estereotipado, do populismo é o sombreiro. Somando o título, que na tradução ficaria "Deixe os Tempos Ruins Passarem", e a crítica feita pelo guitarrista da banda, Noodles, a Trump e Bolsonaro, fica claro que o Offspring tem lado.


Com o governo Trump, uma série de bandas que nunca haviam se posicionado politicamente, estão o fazendo pela primeira vez, como vimos no disco do Weezer.


Para começar, o disco inicia com a faixa "This Not a Utopia", faixa que desde o título traz a crítica aos rumos que o Estados Unidos tomaram enquanto exemplo de nação e país. O mito social-democrático virou "nomadland". O som com levada 77 bem legal, alternando no ride da bateria, é bem legal e particularmente me agradou bastante. O trecho da letra que diz: "Bandeiras de motim estão acenando. Pobres e fracos, nós estendemos essa onda. Essas vidas que poderia estar salvando", parece uma critica aos governantes negacionistas na gestão do combate a Covid-19.


A segunda faixa e homônima, "Let the Bad Times Roll", foi a que mais gostei do disco. A letra é bem legal e a pegada com compasso ritmado e meio pop me pareceu inovação bem legal ao som dos caras. 


A voz do vocalista Dexter mudou bastante, nada parecido com os rasgados do início da banda. Mas isso é legal, fez o som amadurecer bastante. 


"Army of One" é uma porrada. O riff com pegada surf rock combinou bastante e fez da faixa digna de filmes de trilha sonora de Tarantino. O efeito sonoro dos urubus, seguido pelo abafado de guitarras me provou que a banda tá definitivamente em forma.


"Breaking These Bones" e "Coming for You" são faixas bem divertidas e que demostram certa influência da sonoridade indie, mais disseminada no rock dos últimos tempos. 


Agora, "We Never Have Sex Anymore" foi a  outro nível. A música é extremamente engraçada e satírica. Os metais deram um tom de descontração. A letra conta a historinha de um casal que nunca mais transou, provavelmente por causa da pandemia ou por causa da política, já que para muitos a situação política se tornou tão radical com Trump e a invasão do Capitólio, que o país "brochou", e por isso muitos podem acreditar de maneira errônea que a democracia perdeu seu "tesão".


"The Opioid Diaries" é faixa com levada bem punk californiano e que parecer quer lembrar e contextualizar a guerra do ópio, que opôs China contra Inglaterra, símbolo da luta contra o colonialismo.


Estava me divertindo bastante ouvindo o álbum, até me deparar com as últimas duas faixas, "Gona Away" e "Lullaby", que me levantaram a questão: da onde surgiu essa nova mania dos álbuns de rock americanos mais recentes de terminar com músicas lentas e melódicas ao piano? 


Podem reparar, o último do Weezer teve, o último do Foo Fighters teve e o último do Pearl Jam também. Sério, que mania é essa?


E ficou um horror! As duas últimas faixas não combinam com o disco. "Ah, mas a canção é bonitinha", vocês dirão. Pode até ser, mas como álbum eu preferia que o disco acabasse em "Hassan Chop" para manter o a vibe punk do disco. Bola fora da produção.


E outra coisa: essa mania de 10 músicas, hein?! Cadê aqueles álbuns tipo do Rancid com 25 músicas, hein?


Porém, de maneira geral, eu gostei do disco e recomendo que todos escutem. O Offspring demonstrou grande maturidade sonora. O experimentalismo punk, com influências de pop e hip hop poderiam ter dado muito errado, mas ficou show! Não é difícil por exemplo de se pegar cantando "Oh, baby let bad times roll, o, o, ou". Isso demonstra um trabalho e tanto de entender o clima cultural do momento, como de síntese em uma frase chiclete. 


A banda começou a gravar novo material para o álbum em 2013, e depois de regravá-lo em vários estúdios, foi concluído no início de 2020 e estava pronto para lançamento. No entanto, devido à pandemia de COVID-19 , o lançamento do álbum foi mais uma vez adiado para 2021. 


Mas valeu esperar. O disco é com certeza um dos obrigatórios de 2021, mesmo que não perfeito.



Comentários

  1. Faltou citar Behind your walls que está entre as melhores do álbum também..na minha opinião.
    E a in The hall of the montain king que está entre as piores tbm

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Em Alta no Momento:

Os Desajustados (The Misfits, 1961): Um faroeste com Marilyn Monroe e Clark Gable sobre imperfeição da obra do artista e o fim fantasmagórico da Era de Ouro do Cinema Americano

Rastros de Ódio (The Searchers, 1956): Clássico de John Ford é o maior faroeste de todos os tempos e eu posso provar

Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1989): Filme suavizou livro de Stephen King mas é a melhor adaptação da obra até hoje. Confira as diferenças do livro para o filme

"1883" (2021): Análise e curiosidades da série histórica de western da Paramount



Curta nossa página: