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Lupin: Nova série demonstra os costumes de distinção dentro da cultura francesa

 


A nova série da Netflix já superou em audiência os lançamentos, Bridgerton, e O Gambito da Rainha. A distinção social , os etiqueta, o paradigma das classes sociais, da concepção de criminalidade, racismo identidade de classes e pertencimento regional na França moderna são temas da série. Inspirada na série de livros sobre a saga do ladrão que virou detetive, Arséne Lupin. 



A série da Netflix tem poucos episódios, e termina em aberto, em um cliffhanging para esperarmos pela segunda temporada. Assane Diop, filho do motorista da família rica francesa Pellegrine, com quem tem contato, porém, planeja uma vingança contra essa família. 


Seu pai foi condenado há 25 anos atrás por um roubo  de um famoso colar, um colar que pertenceu a Maria Antonieta, um crime que não cometeu. Para provar sua inocência e vingar a poderosa e mafiosa família. Assane Diop utiliza a questão da fachada e dos arquétipos sociais ao seu favor. Sempre exercendo múltiplas identidades, pegando empregos de bicos e provisórios. Sua missão é ter tantas identidades a ponto de confundir a elite que quer caça-lo. 


Na história da série, como em La Casa de Papel, o grande evento é o roubo do colar de Maria Antonieta, que agora pertence a filha da família rica, que Assane possui um caso desde a infância. A França de Lupin é racista, fria, mas social democrata o suficiente para criar fachadas e arquétipos próprios para o antigo racismo. 



Acompanhamos na série vida de Assane Diop, filho de imigrante Senegalês, que sofreu uma tragédia pessoal relacionada com uma poderosa família  da elite local. Arsene Lupin foi o famoso "ladrão de casaca" nos folhetins de jornais anarquistas, e durante as grandes guerras do século XX, seu personagem foi de ladrão a detetive durante o período de guerras pelo escritor Maurice LeBlanc. 




Os empregos que Assane consegue ter, são empregos como faxineiro, uber. Mas nada disso faz com que Assane seja pego, por ele conseguir viver uma vida com múltiplas identidades, como imigrante, o novo país demonstrou a pior faceta de distinção com ele, mas ao mesmo tempo, tornou possível para ele viver e ascender socialmente dentro daquela realidade. O colar que foi roubado duas vezes em 20 anos, é o color de "Maria Antonieta", como referência aos privilégios monárquicos do antigo regime.  



Isso é demonstrado por um livro do sociólogo francês Pierre Bourdieu: a distinção: crítica social do julgamento, aborda que gosto e cultura são intrinsicamente relacionados com o capital cultural, que possuímos quando vamos ao cinema e vemos um filme, ou quando fazemos um curso pelo qual pagamos. 

O filme lembra o estilo do diretor de cinema senegalês: Osmane Sembene, em comparação com seu filme, La Noire De, que  fala sobre uma empregada senegalesa que se vê em meio de uma França que demonstra a hierarquia através das regras sociais democratas da etiqueta. A genialidade da série seria ser um universo das possibilidades literárias e abertas, quando achamos que nosso protagonista vai ser pego, ele se reinventa para sobreviver. 

Em uma França neoliberal e distante, a literatura é um refúgio do protagonista, e de um dos policiais que também era fã da série de livros, e percebeu diversos nomes em forma de anagrama feitos pelo suspeito dos roubos e de outros eventos, como o quase sequestro do policial encarregado do caso do roubo ao colar. É um tanto difícil acreditar que o mesmo policial não tenha se aposentado, e seja o encarregado chefe da investimento do  novo roubo ao colar. Mas é essa a história. 

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