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A importância do legado de Melanie Klein para a Psicanálise: mulheres e as crianças enquanto lugar de formação social



 Psiquiatra austríaca, inovadora, ela revolução sua área través de uma análise empírica e sentimental sobre os valores e relações que norteavam o mundo e a criação de filhos


Ana Freud já publicava ensaios com sua própria visão sobre os processos de psicologia e tratamento. As mulheres desconfiavam que o 'divã" exercia o poder de "paizinho" e de fantasias, sobre o homem que resolve, ou como é eles que são o "sexo forte". Ao explicar a possível origem da mediana dos comportamentos e problemas sociais, Melanie Klein atraia mais papel para a importância da mãe e da mulher. Se Freud desenvolveu a questão do fratricídio como na metáfora clássica edipiana, já Klein buscava centrar na questão da repulsa feminina que acompanha a criação dos "fortes".

Sua importância estava contada na obra de Julia Kristeva, "No princípio era o amor a psicanálise e a fé", uma seguidora de parte de suas ideias e reflete sobre o papel da genealogia e das emergências na análise dos problemas enfrentados por seus pacientes. Nesse livro, Julia aborda o papel da psicanálise kleiniana que virou uma moda na materna Inglaterra. Tudo isso aborda uma inversão. 

Sua "teoria do amor" analisa os altos e baixos da criação entre a influência e a inveja. A criança vê o pai ou a mãe comendo, e logo quer reproduzir esse comportamento, como um "pré-sujeito" que observa, imita e reproduz em ordem de crescer. O que as crianças perdem com a criação adulta? Ensinam pessimismo, pé no chão, 'não fale com estranhos'. Ensinamos que existe um mundo lá fora que não é agradável como é o núcleo familiar. 


O amor pesa na relação do desenvolvimento dos sentimentos primais ou positivos ou negativos O poder da transferência dessas análises, e junto com isso, todo seu trabalho como linguista e de seminálise, como aluna do grande Roland Barthes, e fizeram dela uma excelente tradutora do que Klein queria dizer, para além apenas da psicanálise exploratória que era o campo favorito de Klein. Melanie Klein tinha uma análise afiada, mas diferente de muitos cientistas, não se privava de apontar as incongruências de seu trabalho teórico em relação ao seu trabalho empírico.  

As concepções do "superego" é o que regula o id, que é onde as pulsões, opiniões se desenvolvem de forma mais livre. Para Ana Freud, os simbolismos eram fantasias, Melanie acusa a irmã de Freud de não seguir sua teoria. O arcabouço de Melanie é centrado na relação da educação enquanto inveja primária. Um rato vê o outro rato entrando em um buraco, não quer saber o resultado, quer entrar também. Assim seria os primeiros impulsos de formação na infância. A diferença entre Freud e Klein é que para Freud a inveja era em torno do masculino, o mais bem acabado, quem pode fazer tudo. Já para Klein, a repulsa ao feminino e a distância daquilo que se é considerado feminino é que norteia a criação dos filhos. 


Sua obra: "The Developement of childhen" era já uma descrição de comportamentos segundo a cronologia da infância. Em seguida, em 1932 lançou outra obra:  "Narrative of Child analysis: The Condut of the Psycho-Analysis of Children as seen in the treatment of a Ten Year old boy", ou seja, "Narrativa da análise infantil: A Conduta da psicanálise das crianças como visto no tratamento de um garoto de 10 anos". A maioria das análises de Klein foram inspiradas em crianças que tratou, como também na criação dos seus filhos. Sua obra foi o início das análises clínicas voltadas para a análise específica de crianças. 


O divã seria uma ferramenta onde a mulher era induzida a achar que era louca. Isso ocorreria porque algo nela estava faltando. Esse algo poderia ser a figura do homem, ou as próprias capacidades do homem, como ter um emprego, ter liberdade sexual, tomar conta da própria vida. Tudo isso foi refletido por Klein como um processo de indução comportamental, muito forte no começo da psicanálise. 

No livro "O princípio era o amor psicanalise e fé" da também psicóloga Julia Kristeva observamos uma tentativa de descrição dos princípios de psicologia que não eram exatamente pautados na moral paternalista freudiana. 

O desejo de morte, a "raiva do pênis", isso era tudo bobagem. Para as psicólogas de linha judaico-cristã, o mundo podia ser explicado através de uma relação não fratricida, mas sim matricida. Toda nossa cultura seria uma resposta involuntária de não de ódio ao masculino pela sua severidade. Assim aparelhos que são religiosos exercem poder político através do credo. 


O exemplo é do ritual da fé: batismo, confissão, remissão dos pecados. Tudo isso faz parte de uma lógica de definição do que é certo ou errado. O cristianismo seria por onde mais se inseriu a ideia da personificação do pai como figura de autoridade dentro do ocidente. A figura da mulher é de amor e passionalidade. Logo, a personagem mãe é ligada com a figura de perfeição virginal, redenção, sacrifício... 

Toda a nossa civilização, todo homem e toda mulher, passariam pelo seio da mãe, onde estaria a fonte do alimento (nutrição=amparo), e ela estaria toda inserida em uma relação de superação da mãe. Quem nunca ouviu que filho não fica com mãe? 

É por conta da nutrição primal (inicial), mas também o carácter de "boa criação" e boa pessoa seria dada pelo afastado ao lado materno. Por exemplo, colo significa na linguística a mesma origem etimológica que tem "colônia". Essa relação da palavra e do sujeito em voga é muito forte no estilo de psicanálise franca proposta por Klein. O sentido de significação e o narcisismo são demonstrados através de palavras, objetos, gestos. 

Por isso que poderia se analisar crianças, mesmo sem que elas mesmas saibam o que elas querem dizer. Uma criança vítima de violência, pode demonstrar através, por exemplo, de um desenho a origem de sua ansiedade, ou de sua tristeza. Aí que entraria o poder da semiótica, poder usar os traços como estruturas de pensamento e linguagem. O bebê ao mamar não apenas extrai puramente seu alimento, ele exerce o poder de se saciar, logo de gostar do contato com a mãe. Logo o bebê associa nutrição ao amor, ao bem-estar.  


A crítica que era anos luz mais avançada do o que vinha se fazendo era mais em torno da repulsa que a sociedade cria com aquilo que é feminino. Exemplo: "aja como homem", ou "não chute como uma garota". Essa dimensão feminina está mais na tradução de Julia Kristeva. Já a pensadora original era mais preocupada com a questão das crianças. Essa diferença pode se encontrado também no livro: "O Gênio Feminino" que aborda continuidades e diferenças entre a obra original do estilo Ana Freud em relação ao estilo de Melanie Klein, mais direto e empírico. 

Vale lembrar que Philippe Ariés documento o surgimento do costume e da diferenciação em torno das crianças no livro: "História social da Família e das Crianças", onde apontava que na Idade Média não existia diferença entre crianças e adultos. Por isso, casamentos eram arranjados aos 12, 13, 14 anos, ou menos. A Idade Moderna inventou a infância, e com o incremento de ser uma especificação burguesa, já que era normal no século XIX crianças trabalharem. 

Então para a sociedade, o não crescimento para fora dos laços com a mãe era a mesma coisa que a dependência metrópole e colônia, usando uma metáfora da língua. A boa mãe seria aquela que ensinaria o seu filho a ficar longe.

Por fim, busco salientar que dentro das teorias analíticas, Freud não abordava muito mais do que a descrição clássica do binômio: desejo; repressão, fantasia; realização, e era mais sobre os adultos e a estrutura da libido. 


Quando Melanie Klein começou a tentar curar os problemas das crianças, tirou a psicologia do ramo da "diversão" "fantasia" "medo" "Interpretação dos sonhos", e redimensionou lembrando das peculiaridades sobre as mulheres e crianças e como elas se manifestam na sociedade. Já Julia Kristeva inseriu nessa análise uma interpretação mais histórica e sociológica. Sendo esse campo conhecido como o campo das psicólogas judias e pioneiras que exerceram uma influência incrível para o estilo de educação liberal moderna. Essas inovações tornaram possível melhorar traumas e curar feridas sem interferir na inteligência emocional ainda não formada desses pacientes. 

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