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"Planeta dos humanos" (2019): Novo documentário de Michael Moore é removido do Youtube por criticar ambientalismo


   
O polêmico, Michael Moore, diretor de documentários como Tiros em Columbine(2002), Fahrenheit9/11(2004) e Capitalism: a Love Story (2009), lança uma obra que acaba de ser removida do Youtube por violação de direitos autorais. Porém, com críticas fortes e por vezes errôneas aos movimentos ambientalistas e a economia da sustentabilidade, as razões do banimento do filme da plataforma podem ser mais sérias.
         Michael Moore, conhecido documentarista e também militante de pautas como o desarmamento e contra o financismo de wall street, achou uma nova polêmica para tirar o consenso do debate sobre a sustentabilidade. Dessa vez, no documentário lançado no ano passado (2019). Não é utilizada durante todo o documentário  sua voz como narração. Talvez porque também a ideologia presente no documentário não objetifica claramente uma ideia de "liberal", mas sim uma ideia de questionamento de poderes hegemônicos globais. Por isso, o documentário foi retirado do ar da conta do cineasta do Youtube, acusado de conter informações falsas sobre combustíveis renováveis. Porém, existem algumas cópias em outras contas, como esta abaixo:


        A lógica do filme é a crítica da "esquerda rica", uma parcela dirigente liberal ligada fortemente ao Partido Democrata americano. Uma minoria rica e "progressista" que veicula uma mensagem de preocupação com inovação e o planeta, como Al Gore, Michael Bloomberg, ou mesmo o surpreendente envolvimento dos irmãos Koch (financiadores do grupo MBL), conhecidos como anticristos do capitalismo global, que aparentemente, teriam fatias no "dinheiro verde" (green money). A visão de que esses políticos querem se articular com qualquer político que esteja na direção dos países que podem ajudar com matéria-prima é um ataque frontal as fontes energéticas como do Brasil.

      Na visão do documentário várias iniciativas de capitalismo de Estado são questionadas por na realidade poluírem bem mais do que se você usasse combustível fóssil, por exemplo. A ideia do filme é dizer que a indústria verde é uma fachada para iniciativas de commodities de extração mineral e vegetal de florestas e habitats naturais. Então o filme tem um primeiro debate sobre o surgimento do movimento ambiental como um debate sobre organização de país no período posterior da guerra do Vietnã. A energia sustentável em cidades da Califórnia teria um parque de espelhos para energia solar quebrados e que tais investimentos já seriam fadado pelo alto valor de manutenção exigida. O documentário lembrou da herança dos primeiros ambientalistas e da formação há quase meio século do "dia da terra" que é comemorado dia 22 de abril. 

         O documentário, para mim, peca  por conciliar visões de crítica radical a combustíveis renováveis como o Etanol (uma tecnologia tipicamente brasileira), energia eólica e solar como não viáveis para a "realidade real" do mundo, um discurso digno de Donald Trump e de conservadores apologistas das tecnologias de "vanguarda" de guerra como aço e carvão.  A atitude de questionar essas tecnologias podem ter embasamento de algumas razões técnicas, mas não é essa a questão. A visão para especialistas traz um requentado de mitos sobre aquecimento global e energias renováveis, o que é verdade, se pensarmos o alto envolvimento de outros países que não os EUA na evolução da utilização dos combustíveis.  

       Ao negar o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, empresas como a Petrobrás poderiam romper com sua ligação com a nação e com as instituições de pesquisa e cancelar toda pesquisa de inovação ligada ao sustento e suporte desse capitalismo de ampla escala e de Estado. O instituto de Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul (UCS) investia na produção de hidrogênio a partir de vinhoto ( resíduo da produção de etanol) e glicerol (resíduo de produção de biodiesel) por serem biodegradáveis por já serem um reaproveitação de energia anterior para a produção de hidrogênio como gás principal. 

     O atual presidente da Petrobrás, Roberto Castelo Branco decidiu abandonar essa posição de inovação que o Brasil possuía ao investir na utilização em bombas de postos de gasolina o uso de pelo menos uma porcentagem já no comércio. Algo que foi primeiramente implementado pelo nosso país e que é a moda de investimentos das empresas petroleiras estrangeiras como as Europeias em tecnologias similares. 

        Não é apenas no Brasil, é assim com a Alemanha, como também é na China. Esses grandes países de escala continental desenvolveram uma ideia da inevitabilidade da produção de energia alternativa, tanto como ideologia para suavizar os discursos de "esquerda radical" (os jovens, os verdes, os tradicionais anarquistas) que se articulam contra os centros políticos de dirigência.    

         É claro que existe energia nuclear, ou mesmo a hidráulica (energia oriunda de grandes quedas d'águas), como tantas outras fontes nesses países. Claro que também existe polêmicas específicas de cada fonte de energia, porque até mesmo os combustíveis biodegradáveis poluem o planeta. O debate central seria esse questionamento das empresas e do uso das riquezas naturais do planeta e sua transformação em riqueza para alguns poucos em um primeiro momento, em um segundo momento é um ataque ao carácter de soberania energética dos países. 

      Ou seja, parece recalque dele do nosso país em certo sentido, por funcionar a lógica renovável em nosso país e não conseguir se erguer uma ligação entre pesquisa de inovação universitária, novos empreendimentos de negócio e tecnologia militar em seu país EUA que não possui suas melhores universidades as públicas como é o caso do Brasil. Eles costumam articular mais no setor de segurança e aeroespacial, mas não no setor de energia, que sempre foi um x na economia americana e nos últimos anos, com a compra de diversas empresas chinesas de porções de matriz energética de pequenas empresas americanas, o que gerou o começo nos EUA de alguma regulação fundiária em relação as suas riquezas minerais e recursos. O medo atual deles é o apagão e o controle de outras nações da produção e produtividade do capitalismo americano.  

Por outro lado, refletir sobre o que seria o efeito nocivo da total crença no discurso verde esconde uma grande conciliação com os já tradicionais gigantes, que buscam investir em novos recursos como mea culpa, redução de impostos, ligação público-privada, doações para ongs, de maneira que reduzem com isso através do marketing envolvido também, a péssima imagem que certos capitalistas possuem junto ao público. 

         Assim, as próprias empresas de petróleo que estimulam a parada da conversão de matriz energética por parte de países como o Brasil, investem em empreendimentos similares ao estilo do capitalismo descolado, jovem, estilo  empresas como a Tesla quando falam de suas nações. O que o documentário não tem capacidade de entender, é que esse capitalismo "bonitinho" americano é uma imitação de importantes caminhos da ciência e da tecnologia de empreendimentos tradicionais, como o etanol no Brasil. 

        No documentário, eles conectam a tomada estrangeira da amazônia e a perseguição aos indígenas com a produção da tecnologia em si, o que é muito perigoso. É verdade que os EUA buscam tomar a amazônia desde os anos de 1970 e que acordos têm sido feitos, como no Maranhão, enquanto, onde a base de Alcântara serve aos interesses norte americanos, na Venezuela, os chineses vigiam essa exploração de longe, fornecendo aos nossos vizinhos equipamento para uma forma de resistência. A Embraer foi vendida quase de graça para a Boeing, (negócio que também não deu certo por conta da pandemia). Parece qualquer tema, mas é o correspondente para uma "crise dos mísseis" moderna e dessa vez, essa guerra fria do bloco ocidental brigar com o oriental têm o Brasil indeciso no meio. 

        Vale lembrar que a iniciativa para utilizar da própria amazônia como local de plantação de cana de açúcar é uma lógica estimulada pelo atual presidente da república. Mas a cultura da cana é organicamente um ciclo de produção mais centrado no nordeste tradicionalmente e não no norte. A produção de açúcar no brasil, altamente tradicional e intocada, vai continuar acontecendo por demanda. Agora a utilização da matéria-prima do bagaço dessa cana como parte da produção desse etanol, fazendo parcerias entre o Estado e as empresas através de locais como a própria Petrobrás não é algo que se possa alterar.           
         
         Mas isso, junto com nossa soberania nacional vem caindo graças a atual visão, ou de extrema direita (de negaciosismo do ambientalismo e de inovações gerais), como de extrema esquerda (que vê na matriz energética até mesmo biodegradável um problema de "gestão" do planeta). Ou será um financiamento de grandes empresas de petróleo interessadas em assumir a dianteira desses investimentos que estão conciliando o estilo de retórica Greta Thunberg com o ceticismo ao estilo Olavo de Carvalho, Trump, Steven Bannon? 

        A pergunta é, teremos menos cidadãos consumindo e precisando de energia, hospitais, menos pobreza, menos fome, se apenas deixarmos as matrizes e recursos para lá? Será por isso que o documentário insiste em falar sobre um "excesso de população", ao estilo clássico da Teoria da População Malthusiana.  Hoje em dia, é tão importante para pensar a substituição do modelo clássico da dependência do petróleo quanto ter o petróleo,já que seu valor atingiu o menor índice da história, ainda mais atualmente que esses modelos se encontram em crise, será que o novo pensamento radical é apenas uma cortina de fumaça para falar mal da tecnologia da biomassa e do progresso da ciência? 



    

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