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As origens históricas do Socialismo

       
    A verdadeira história do socialismo não pode ser analisada  fora das filosofias da história. Desde as primeiras escolas filosóficas na Grécia clássica, intelectuais pensam modelos políticos alternativos. De Babeuf até Saint-Simon que cunhou o termo pela primeira vez, o socialismo é pensado





             Desde a "República" de Platão, passando pela Cidade do Sol, chegando até mesmo a Babeuf e seu socialismo utópico, a visão de uma sociedade planejada e ideal sempre foi tema dos grandes ciclos históricos do planeta até chegar ao chamado socialismo científico: o comunismo. 
          
           A história socialismo é uma narrativa muito ampla, podemos começar vendo ela se delimitar nos primórdios da formação social da Grécia antiga, uma forma de história das utopias sociais mais diversas. Dentro da academia de Platão, a utopia de inspiração urbana de Hipódamo de Mileto foi a principal inspiração para Platão. Em seu modelo, a cidade seria dividida em 10 mil pessoas,  separadas em três diferentes classes com funções específicas e obrigatórias.  

         A primeira classe seria dos sacerdotes que tomariam conta das funções de funcionários públicos, a segunda seria dos soldados e a terceira dos trabalhadores (os demais). A posse da terra teria que ser  destinada apenas ao terceiro grupo: (dos trabalhadores), fazendo com que o pessoalismo  e o clientelismo se afastassem das funções públicas e de guerras. Muito se debate sobre a questão dos primeiros movimentos do cristianismo primitivo e o embate com a igreja católica ortodoxa já eram um esboço do debate sobre os princípios do cristianismo. Os movimentos, por exemplo, de votos de pobreza foram recusados e mal visto até a criação da ordem franciscana(conhecida como "ordem dos frades menores") em 1209.  

          Era uma forma racional que a academia pensava para se livrar dos atos de tiranos, o que inevitavelmente acabou em certo momento com o modelo das cidades Estado Gregas. Mesmo sabendo que seu esquema era utópico e longe da realidade, era assim que Platão achava que deveria ser a sociedade. 

          Nos ciclos historiográficos, é compreendido uma divisão na forma de se interpretar os novos tempos, o primeiro período seria o período da Erasmofilia, onde a própria igreja católica se interessava em ciência e renovação. Já o segundo período de fechamento e que culminou na pior fase da inquisição, foi conhecido como "Erasmofobia", com a prisão de Galileu e de qualquer ideia que fosse contra a hegemonia católica. Nomes como Damião de Góis, Erasmo de Rotterdã ou mesmo Thomas More exerciam um poder reformador vindo de dentro da igreja, porém não tiveram força para superar a hegemonia da burocracia dentro da igreja. Seria um debate sobre a devoção e a vocação dentro da igreja moderna.   
         
         Já para Thomas More, o objetivo da era encontrar a chamada "felicidade pública". No renascimento, houve um período de ouro de renovação de humanismo. Em sua obra clássica: "A Utopia". Para More, a maneira de controlar a infelicidade seria a completa igualdade entre os seres humanos. Um católico fervoroso e convicto da hierarquia da igreja, Thomas More chegou até mesmo a morrer por suas convicções, sendo um mártir tradicionais da igreja. Na visão de More, se a escravidão perdura, seria para os criminosos e prisioneiros de guerra apenas.  


         A utopia seria uma "ilha" separada do continente por um braço de oceano, sua capital seria Amaurote (uma espécie de cidade fantasma) que se dividiria em 54 cidades. A Inglaterra da época tinha 54 condados por exemplo. More visualizava a Inglaterra de sua época como um local que aos poucos substituía o hábito de grande riqueza para poucos, para uma abastância moderada estendida para a maioria de seus cidadãos 

       O papel das viagens e da literatura passou a ser preponderante na formação de novos locais de imaginação antropológica. O chamado "novo mundo" trazia imagens de novas formas de civilização e alguns renovadores europeus acompanhavam esses relatos, muitas das vezes, exagerados como os de Marco Polo sobre esses novos lugares.  O mito do "bom selvagem" teve uma grande importância na imaginação das ideias de novas sociedades. Como visto na obra de Utopia, ou mesmo na "cidade do sol" de Tomasso de Campanela. 

       Em 1535, no México, um Bispo chamado Vasco de Quiroga, tentou estabelecer um sistema de abolição da propriedade privada, onde as riquezas e a produção eram divididas por igual.  Já na região do atual Paraguai, surgiu um modelo de sociedade, apelidado como "república guarani", que era a chamada colônia do sacramento que tinha como intensão um "fundo comum" onde se reservada a produção comum feita pelos índios e gerenciada pelos padres. Empreendimentos todos abandonados com o surgimento da burocracia Pombalina que expulsou a ordem dos jesuítas do novo mundo. 

      As narrativas de viagens como "Novas viagens as ilhas da América" do Abade Labat, ou as descrições pitorescas do Padre Prévost. Também as utopias geográficas tiveram espaço na elaboração desses primórdios da ideologia socialista. Livros como Robinson Crusoé, Viagens e aventuras de Jacques Massé, A ilha desconhecida, ou a República dos filósofos, ou a história dos ajoínos, ou a ilha dos afortunados. 
        
         O mundo que convulsionou com o advento dos ideais da revolução francesa também pensou o começo dos pontos de utopismo dentro da sociedade. A França que tinha passado pela estratificação quase total de seu corpo social com o antigo regime, era o local de maior pulsão para novas ideias, conflitos e debates. O papel de Jean Jacques Rousseau, Diderot, Voltaire, Étienne Cabet,   era de extrema importância por conta de seus vínculos com o pensamento orientalista que ensinou para os iluministas a possibilidade de sociedades diferentes e exóticas. Como o livro "Cartas Persas" de Montesquieu, ou "Princesa da Babilônia" de Volteire. 

        O utopismo dos primeiros escritos de Rousseau de livros como "Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Social entre os Homens" que colocava a propriedade privada como o principal elemento corruptor da sociedade, acabou por terra quando lançou o "O Contrato Social", uma ideia mais acabada e esquadrinhadora. Assim como os grandes revolucionários da primeira fase da revolução francesa acabaram sofrendo mudanças de pensamento ao entrar no agitado século XIX, como, por exemplo, Hegel. 
          
      O papel da economia da frança rural ajudou a esses "revolucionários reformistas" moderados a pensar que a sociedade ideal era pensada como forma de previsão e cálculo principalmente do setor agrário. A ideia inicial de socialismo foi a ideia de socialismo rural, que mudou com o tempo para uma ideia de socialismo utópico. 
        Saint-Simon que cunhou o termo socialismo, foi o primeiro a idealizar uma sociedade fundada em forças opostas, aquelas que orgânicas, são estáveis, e aquelas críticas que se direcionam a mudar a sociedade. Já Charles Fourier acreditava em uma divisão social entre cooperação e associação.
           A origem do socialismo seria pensado como um contraponto desse sistema arcaico francês. Em 1796, Gracchus Babeuf lança o "manifesto dos iguais" que é um manifesto favorável a criação de um "bem comum" e dirigido ao "povo francês". Já o conde Saint Simon e Friedrich Engels, principal influenciador de Augusto Comte, são estes seguidores desses primeiros idealizadores e já pensam no contexto da inserção do trabalhador não apenas de maneira econômica, mas também seus ritos e potenciais ideologias, contraditórias ou conciliatórios em relação aos donos da fábrica, ou mesmo os donos do poder. 
"Mas veio o ideárioDa tal revolução burguesaVeio o ideário, veio o sonho socialista.Veio a promessa de igualdade e liberdadeCometas cintilantes que se foram pela noiteExistirão enquanto houver um maior! Daí é que veio a história. Daí a história surgiuEscravos na Babilônia,Trabalhador no Brasil."

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