"Tieta", de Jorge Amado - O regional em cena: A Santana do Agreste entre a redenção e a vingança, o sagrado e o profano
Tieta é um dos maiores sucessos, de um dos melhores escritores brasileiros de todos os tempos, fascinante, moderno e ao mesmo tempo tradicional, foi político por São Paulo e não pela Bahia, de que tanto amava e sabia descrever como ninguém. Tieta era uma cafetina que conheceu em São Paulo e que morreu no ano que ele a conheceu. Livro da editora Record, o qual a primeira edição é de 1977. No livro, a arte e as figuras ajudam a contar essa estória com xilogravuras de Calasans Neto e Capa de Carlos Bastos.
Tieta não foi feita da costela de adão, já dizia a música do Luiz Caldas ou aquela música de Caetano "Eita Eita, é a lua e o sol, é a luz de Tieta".
No início do livro, tem as cenas de Tieta com o mascate, as descrições das bonitas dunas e coqueirais de mangue seco, o lugar litorâneo da cidade.
Antes de mais nada, gostaria de dizer que normalmente não curto estórias sobre prostituição, porque normalmente acaba na glamorização da mesma, mas não é caso do grande Jorge Amado, grande embaixador informal da Bahia, gostava de denunciar a opressão e o atraso que geravam anomias como as vistas no romance Tieta.
Vale falar da Arthur Tapitanga, personagem desgraçado e que tem maior foco na novela que no livro. No livro ele é descrito como o dono de quase todas as terras do município, na novela eles ainda agravaram, ele teria um sistema de ensinar meninas a ler em troca de favores sexuais.
Uma dura crítica ao falso caritativismo alheio, isso a globo acertou, eu acho. Ou com o tão falado curioso final de Maria Imacullata, que na novela vira escritora famosa, depois de fugir da casa do coronel e conhecer seu príncipe/padre que largou a batina. Aqui, Tieta é no Brasil e sua capacidade sinistra que corromper e familiarizar. Ele chega a dizer que no nordeste, não se respeita padres que não tenham famílias escondidas, pois assim todos tinha medo de abuso, nem precisa dizer o que para não desrespeitar a fé alheia.
Como não lembrar dos detalhes? Como a marinete de Jairo, único veículo que liga a Santana do Agreste ao jundo, em uma distância de 3 horas, além disso, acompanhava Jairo certo rádio russo antigo, um dos poucos exemplos de aparelhos de comunicação no local.
O comandante Dário sendo militar aposentado é um dos mais ativos contra o progresso, por isso é engraçado, já que aqui o "atraso" é não aceitar a fábrica e a poluição. Muito contraditório, mas interessante o jogo de ideologias que ele cria.
Ele questiona a sociedade que expulsa uma garota Tieta nessa fase interpretada por Claudia Ohana quando jovem, que nem tinha conciência do que estava fazendo algo de errado, humilhada de todas as maneiras possíveis, e por isso vai para São Paulo e vira a Tieta que é acolhida pela Madame Berthe e vira uma das procuradas do lugar, depois ela se casa com um rico e vira exclusiva dele.
O passado de Eleonora em São Paulo é muito pesado no livro, ela respondia antes pelo nome de Sheila e Ascânio descobre isso no fim, no livro, eles não terminam juntos, na novela e no filme sim.
Acontece que a novela veio antes do filme de 1996, com Sonia Braga no papel de Tieta, filme de Cacá Diegues, onde Jorge Amado aparece lendo no início do filme.
Eu estava como todos assistindo a novela e impressionada com o quão melhor é do que as novelas atuais, tenho que ceder ao coro que todos falam. As atuações são boas demais, muitos atores e atrizes em começo de carreira e muitos já consagrados.
A verdade é que Jorge Amado é conhecido pelo seu lirismo é militante, porém conciente. Seus romances favoritos são os com tematica popular. Ele estudou direito.
Seu primeiro livro foi "O país do carnaval (1931)" com um tom bem célebre e nativista. Seus livros estão traduzidos em mais de 30 línguas, a vida dos menores abandonados em Salvador (uma realidade de uma estátistica, onde no século XIX, apenas 20% dos registros de nascimento contavam com o nome do pai.
Amado foi responsável pelo chamado "romance proletário", e com uma rápida evolução para a estética do realismo fantástico, e no fim da sua vida, a ideia de focar em grandes tiragens com estórias focadas em super heroínas combinava com a ideia do PCB pessimista de tentar fugir para as colinas das novelas e literaturas, principalmente após o golpe militar. Vale lembrar do casal Janete Clair e Dias Gomes na Globo.
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pintura-retrato do autor Jorge Amado. |
Mas foi Amado que escreveu Tieta já como um roteiro de novela, dizendo que sua escrita de cenas específicas é passada ao expectador da novela com certa naturalidade, como se ele já soubesse que seria adaptado e tivesse escrito com essa intenção.
Como o início da novela e a épica chegada da Tieta, que trouxe depois os engenheiros que deram luz elétrica para a cidade, apesar de todo protesto do Comandante Dário, um personagem que zoa o leninismo militar e coloca o mais perfeito militar ambiental alguém com apelido militar, mas que é obviamente aposentado e apenas quer viver o idílico com Laura, sua perfeita esposa.
A adaptação de 1989, teve 197 capítulos, ano da eleição de Collor, mostrou a tentativa do neoliberalismo na sociedade brasileira, e claro, não deu certo. O que significava? Era a primeira eleição democrática após mais de 20 anos de ditadura, e o resultado foi a eleição de um projeto político de privatização, mas também de intensa reforma burocrática. Era óbvio que a globo não queria Lula, e por isso fez de tudo para eleger Fernando Collor. E quem conseguiu os direitos da novela comprando, o Boninho, tinha sido conhecido por manipular o debate para eleger o "caçador de marajás" que foi preso recentemente.
Foi a própria Betty Farias que conseguiu falar com Jorge Amado sobre a venda dos direitos da obra, a novela foi um sucesso absoluto, mas aí veio a polêmica na adaptação de Tieta de 1996, onde Tieta era Sonia Braga e isso teria desagradado a atriz que interpretou na novela. A novela chegou a quase 100% de audiência em sua primeira exibição.
Tieta é sobre debate sobre oa tipos e formas de feminismos, ela mesma um exemplo de feminismo de segunda geração, com foco na sexualidade e formas de liberdade individual.
Lembrando que o autor já tinha debatido os aspectos do feminismo, isso com Dona Flor e seus Dois Maridos e Gabriela também. Eu já tinha lido também dele São Jorge de Ilhéus e Mar Morto e a biografia do Prestes.
Eu então me programei pra ir em busca de um exemplar de Tieta nos sebos, e consegui um exemplar histórico! O dono do sebo onde sempre compro livros ao eu perguntar sobre Tieta e o quanto eu queria, pelo bicho de quase 600 páginas, mas não precisou, o vendedor me deu o livro de graça, fiquei tão feliz na hora. Foi um presentão, não esperava mesmo.
A leitura desse livro foi divertida demais, até ás vezes parava de ler por ter uma crise de risos a todo momento. Não é um livro cult, tem palavrão e maioria das personagens são putas, na palavra do próprio autor, mas mesmo assim, é 10 em fazer você imaginava essa pacata e importante cidade que viveu o auge do seu desenvolvimento no início do século XX e que depois só viu a decadência na época retratada, se não me engano, ambientada em 1966.
Percebi também que a obra que tenho, apesar de não em estado 100%, é uma primeira edição, de 1977 da editora Record, com apenas 120.000 exemplares. Por isso vou colocar a arte e as imagens lindas do livro aqui capa.
Mas não li de cara mas foi um livro que foi divertido de ler, nem um pouco cansativo, ainda ensinou um quê de francês, li no ritmo da reprise da novela e por coincidência de espírito, acabava que estava sempre na parte que a novela exibia.
O Jorge Amado era um escritor que parece que já nasceu escrevendo. Ele tinha estilo para criticar a sociedade, sabia exatamente o que propagava e como fazer, sua escolha por títulos e subtítulos longos e dsscritivos lembram uma novela de revista clássica do tipo folhetim, poe isso que não tardou para encomendar uma adaptação feita pela TV Globo.
O livro é de 1977 e a adaptação da novela da Globo é de 1989. Tantos atores e interpretações fora de série. Grandes atores e atrizes fizeram parte dessa novela que está no ar em reprise na TV aberta e por isso há tanto interesse no livro. Arlele Sales, Paulo Betti, Luciana Braga, Cassio Gabus Mendes, Benvindo Siqueira, Lídia Brondi.
A Joana Fomm (atriz que faz a Perpétua) é uma atriz ímpar, sou fã de carteirinha dela, com noções profundas de literatura e poesia, disse que fez Perpétua com aquele Q de Odorico Paraguaçu (da novela o Bem Amado, de 1973), acredito que ela seja a melhor vilã de todos os tempos, uma vilã meio boazinha no fim das contas, que fazia aqui e ali caridade.
Os personagens e a cidade de Santana do Agreste quase ganha contornos de conhecimento pessoal nosso. Dá para ver o amor pela Bahia, mas o reconhecimento de problemas como o machismo estrutural e patriarcalismo e mandonismo rural.
É só reparar no nome dos capítulos e sub capítulos para ver essa prosa única e regional de Amado, que sabia mesclar isso com os tons de modernidade, dabate sobre gênero, cultura local e regional, sexualidade e desenvolvimento e econômico e social, meio ambiente, especulação.
Livros como Jubiabá, Mar Morto, Suor (1934), Cacau, Capitães de Areia, Terras do Sem-Fim em 1943 são exemplos dessa primeira fase do autor ainda muito jovem. Jorge Amado, sempre muito crítico vem nesse livro questionar as slides abastadas da globo sobre a capacidade de dissuadir com pautas femininas e discursos liberais, sobre sexualidade feminina, rebelião dos sexos, divórcio e querer "enfrentar" a ditadura através da da sociedade.
O escritor trabalhista e dramaturgo Bernard Shaw, que ajudou a fundar a London School of Economics, é ele a grande inspiração da Globo e de sua teledramaturgia na época da ditadura militar. A Globo pautava uma falsa crítica de costumes, até porque gosta muito (apesar de todo o seu autoritarismo histórico ) do estilo Kennedy e do Partido Democrata americano.
Amado brinca com o eu lírico do próprio escritor do livro, criando uma nova persona para fazer mais piada ainda. Dessa vez, ele disse, acredito que o escritor da obra era de Niterói, aleatório ou distante, aqui a nossa cidade e escrevia a distância sobre aquilo que nunca vira. Já no fim do livro, ele assinalava que escrevia tanto da Bahia quanto de Londres.
Para quem quiser ler prestando bastante atenção, tem várias piadas críticas, descrições da paisagem de mangue seco, que é em parte pantanal, em parte dunas de areias infinitas, que falavam alto na alma de todos e de Tieta. Fala dos bordéis com o gosto por Zuleika Cinderela, dos poetas locais, como Barbosinha.
O livro tem muitas reviravoltas, como o personagem Bafo de Bode, que era herdeiro de grande parte das terras de mangue seco, mas vivia como um andarilho circense local, ninguém imaginava que por trás de todo hábito, Bafo de Bode era um dos Esteves e tinha terra em seu nome. Outra curiosidade é notar que a família de Tieta apesar de pobre, era herdeira de terras, e isso só vai ser descoberto depois.
Tieta começa nossa saga chegando no próprio velório, uma "viúva alegre", tão doferente da irmã em luto. Ela chega na famosa marinete de Jairo e começa sua vingança/revolução de costumes.
Também estou acompanhando a novela e percebi algumas diferenças em relação ao livro, como troca do nome de personagens, o personagem de Paulo Betti, Timóteo é o marido de Elisa, irmã mais nova da família Esteves (no livro ele se chama Astério).
Depois que o pau morre, as duas irmãs disputam a liderença, o cajado da família, antes a família era constituída pelo velho do cajado, Tonha, sua segunda esposa e mãe de Elisa, Tonha interpretada por Yoná Magalhães e Arthurzinho interpretado pelo ator e diretor Marcos Paulo. Temos também Perpétua e seus dois garotos, filhos do finado Major reformado da Polícia Militar (explicando o motivo principal dela ser "vilã") por todo o seu moralismo, até maior do que o dos padres.
Amado satiriza completamente a igreja católica, mostrando que pode introduzir anomia em um interior cheio de coroneis, por isso todos "shipam" Ricardo e Imaculada, que realmente são uns fofos. Acho que li por aí em comentários, que Imaculada vira escritora famosa na novela.
O livro é cheio de estórias contraditórias, como a descrição de que o povo local não confiava em padres sem famílias escondidas, porque isso significava automaticamente que o padre era gay. Olha que loucura, mostrando o pouco celinato real do lugar. No fim, o crime de Tieta fez Ricardo largar a batina e conhecer mulheres, mas para Perpétua o que ela fez foi abuso. Certo ela aqui, porém também é dose prometer o filho a igreja.
Os detalhes cômicos são ótimos mesmo. A moldura cara que Tieta dá de presente para a irmã para colocar a foto do falecido marido, o mistério do que seria que Perpétua guarda do marido que ela não quer mostrar a ninguém, todos nós sabemos muito bem o que é, afinal depois do marido morrer, não poderia ter nenhum outro, imagina, então como Perpétua se comporta longe dos olhos dos outros, apesar de todo seu conservadorismo.
Perpétua é dita ser mulher feia, bruxa, conservadora e que havia prometido um filho a Deus e por isso queria tanto um filho de batina. Se está vendo a novela e não sabe (é a última semana agora), aqui embaixo vai começar muitos spoilers sobre a novela. Seu maior crime foi ter parado no tempo e ter dado o filho como promessa para a igreja, e depois disso, também quer que Tieta torne seus filhos filhos dela, para herdar a fortuna que todos imaginam que Tieta tem.
Mas é Perpétua que tem um casamento feliz e duradouro que acabou porque seu marido morreu e que gera dois filhos, Ricardo e Peto. Se Perpétua não inveja Tieta, na última cena do livro, é Eliza que se humilha para ir embora com Tieta. Eu tenho que ser sincera e dizer que eu mesma não gosto de Tieta, mas torço por ela quando ela quer "mudar" qualquer coisa dos mandonistas costumeiros da cidade.
É a capacidade humana de gostar de ver o caos acontecendo. Pensando que Tieta volta para Santana do Agreste em 1966, este é um produto de crítica a ditadura militar, revolucionária, safada e um pouco perigosa, Tieta volta em tese para se vingar de todos que a trataram mal, mas como ela tem dinheiro, todos agora puxam seu saco, mesmonque secretamente torçam para a sua derrocada em segredo.
Os donos do poder por assim dizer além de Ascânio, O Coronel que era o antigo prefeito, como era presidente da câmara, não podia acumular os cargos, por isso entrou em cena Ascânio, e Modesto Pires, cada qual representando uma forma de patriarcado diferente.
O primeiro é o progressismo cego e de romantismo em decadência de Ascânio, o outro é o Coronel, pai de Arthurzinho, e o último é o dono do Curtume local com amante, e que fazem até mesmo uma praça em homenagem a ele. Dá pra ver porque Arthuzinha odeia a cidde e quer destruir a todos, imagina as coisas que ele viu o pai fazer, seu pai, o presidente da câmara e ex prefeito, cheio de crimes e certamente, o pior personagem da trama.
Tieta trouxe a frouxidão moral dos costumes, as luzes que Tieta trouxe com um telefonema, e deu dinheiro para praticamente todo mundo, mas de quem era esse dinheiro e como ela conseguiu todo essa grana?
O livro fala da época de 1966, início da ditadura, o livro já foi escrito 10 anos depois. O questionamento é em relação ao liberalismo versus conservadorismo. Tieta é liberal, portanto parece ser contra o regime, mas será que o que ela representa, não seria a crítica permitida através da ideia de feminismo e capitalismo.
A cidade de Santana do Agreste é pequena demais, todos se conhecem, é como a legítima precurssora da ideia de uma cidade do Twin Peaks, por exemplo. Aqui, Santana do Agreste é o modelo de tantas cidades do interior, faixa litorânea da Bahia.
Outra diferença é que na novela Ascânio interpretado por Reginaldo Farias é colocado como um político progressista que ao descobrir as reais intenções da fábrica que viria a poluir a cidade. No livro, Ascânio é um bobo que nunca questiona a fábrica e a poluição e sua primeira mulher era Amelinha e não Helena como na novela. A fábrica na novela foi alterada, mas no livro originalmente era uma fábrica de dióxido de titâneo, um corante poluente. No filme, fica claro que Ascânio é realmente um grande vilão.
Ascânio não termina com Eleonora no livro ao descobrir seu verdadeiro passado, a última cena deles é pesada, ele manda ela procurar macho na rua, uma cena super forte e depois logo em seguida.
Tieta se prepara para ir embora, no livro, Ascânio fica com Carmosina (que é a melhor personagem feminina da trama, a única com hábito de leitura e descrita como 'crespa' no livro, ou seja, negra), na novela interpretada por Arlete Sales, e no filme por Zezé Motta.
Mas na novela tem todo aquele arco com o Gladstone, que Tieta teriacomprado para dormir com a amiga e eles tem um filho (é bem diferente do fim do livro sim). Na novela, acredito que vi por alto que Eleonora fica com Ascânio. A novela fala de uma fábrica Brastânio de cobre. Mas no livro é de dióxido de Titâneo a substância que a fábrica quer produzir em Santana do Agreste. A novela esquece um pouco da pegada política e foca nos romances que audiência curtia mais.
A estória é gigante e tem muitos personagens. Vamos começar por Tieta e sua família, os Esteves. Tieta era garota muito nova, pouco já lhe tinha completado algumas luas de sangue e já era mulher feita, inspirada e ensinada observando o bravo bode Inácio. Seu primeiro encontro foi com o caixeiro estrangeiro, depois se apaixonou por Lucas.
A primeira parte da novela tem Claudia Ohana como jovem Tieta. Tieta é expulsa e julgada por todos como devassa, leva uma surra do pai que a manda embora de casa, Tonha esconde um dinheiro para Tieta não ficar sem nenhum trocado.
Para explicar melhor o título de folhetim, Tieta do Agreste - Pastora de Cabras Ou a Volta da Filha Pródiga, melogramático Folhetim Em Cinco Sensacionais Episódios e Comovente Epílogo: Emoção e Suspense!
Isso já demonstra sua tendência geral de estória, marginalizados, órfãos, prostitutas e rendevus diversos. A lista de personagens é imensa, o Coronel, Modesto Pires, Ricardo, Peto, amorzinho, Aminthas, seu Chalita, outro personagem estrangeiro, Comandante Dário e Laura, Eleonora, Eliza, seu marido, Osnar, Carmosina e Dona Milu, sua mãe, a hospedaria e também as famosos receitas, como a da famosa frigideira de Maturi de Dona Milu, que ele explica em detalhes como fazer. São várias as receitas do livro, vale a pena conferir.
Vamos as diferenças da adaptação e do livro. Preciso escrever antes de esquecer desses detalhes de diferença. Timótheo é na verdade chamado de Astério, e eles tinham um filho que tinha morrido e por isso o casamento estava em crise. O personagem de Elisa é muito interessante por debater feminismo e alienação. Para Amado, o poder da televisão, da moda e das revistaz era em ser um idílico para mulheres casadas que sentiam que não tinham seus desejos contemplados completamente. Elisa é descrita como linda e com a mais bela bunda da região. Tieta é sagaz e é amada por todos, consegue adivinhar de longe o carácter de um homem e o tamanho do cacete.
A separação da esposa e da puta aqui fazem com que Timótheo/Astério e tantos outros homens de Santana do Agreste procurar a casa de Zuleika Cinderela, uma das últimas cenas do livro é desse personagem, o marido de Eliza quando esta diz preferir ir para SP para ser como a irmã, a ele parar de colocar Eliza no pedestal. É algo que claro pode ser considerado machista também.
A novela focou no Coronel mau, pai de Arthurzinho que depois na novela queria destruir tanto Tieta quanto Santana do Agreste. Arthurzinho se lembra da brutalidade que o pai tinha com a mãe e por isso, nunca ficou perto dele. Vemos tanto na novela quanto no livro o romance entre Ricardo e Maria Imaculada, que foi o casal mais gostado por todos, ficam juntos em todas as adaptações.
No filme de Carlos Diegues, por exemplo, Tieta jovem é interpretada por Flora Diegues (que fez a Rosa de Escrava Isaura, e também participou do remake de Orfeu Negro), a atriz também inrerpreta Maria Imaculada, para representar a descrição do livro, onde meio que por milagre, era como se Tieta tivesse renascido e Ricardo pudesse ficar com alguém da sua idade, no filme, ela vem da favela do buraco fundo .
O título mostra isso da filha pródiga, quando Tieta volta, era dado como certo que estava morta, já que ajudava a todos com uma quantoa mensal, que o pai guardava quase tudo do que recebia escondido no colchão.
No fim, Tieta é desmascarada como uma filha pródiga de rendevus paulistas, quando ela volta, ela volta rica e casada com um rico paulista de nome Felipe, quando ele morre, ela não herda tudo, mas é rica tambem pelo dinheiro de seu negócio. Outros mistérios são a "mulher de branco" que seduzia os homens locais. Quando Zé Estéves morreu foi pouco depois de ter planejado a compra de terras para criar suas cabras.
Acho que o fator mais incrível é o Ascânio, romântico e social democrata acaba virando o candidato da Brastânio, empresa poluidora. Sugerindo que ele é um personagem coringa, que a globo decidiu alterar por parecer muito com os políticos da linha da TV Globo. Vale destacar o clima tenso na versão da novela, todo mundo morre praticamente e o final é super triste, mas já no livro, apesar de todas as revelações sobre o passado de Tieta não é tão catastrofista quanto. Isso porque o autor da novela não queria transformar a novela em uma futura série.
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